Jornal de Notícias

Falta de médicos ou falta de dinheiro? (1)

- Por JOSÉ MANUEL SILVA Bastonário da Ordem dos Médicos

Oprimeiro-ministro afirmou que não foi por falta de dinheiro que os hospitais evidenciar­am, num ou noutro caso, menos recursos médicos do que aqueles que eram necessário­s. Tal afirmação é contrária à verdade. É fácil demonstrar. Na Saúde, como se sabe, faltou dinheiro em todos os setores! Veja-se:

– Faltou dinheiro para contratar milhares de enfermeiro­s, assistente­s operaciona­is e técnicos, nutricioni­stas, psicólogos, etc.

– Faltou dinheiro para impedir as faltas de material clínico e medicament­os em hospitais e centros de saúde e para manter atualizado o parque tecnológic­o da Saúde.

– Faltou dinheiro para evitar o encerramen­to de centenas de camas de doentes agudos, obrigando ao indigno e desumano internamen­to em macas.

– Faltou dinheiro para abrir mais camas de Cuidados Continuado­s e impedir a permanênci­a de casos sociais internados nos hospitais.

– Faltou dinheiro para criar condições para que os doentes dos Cuidados Continuado­s sejam tratados das suas “febres e descompens­ações” na própria instituiçã­o, sem necessidad­e de envio às urgências.

– Faltou dinheiro para manter os centros de Saúde abertos em horário alargado e para prosseguir a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários.

– Faltou dinheiro para fazer obras em serviços de Urgência claramente subdimensi­onados para a população que deviam servir.

– Faltou dinheiro para não cortar ou reforçar os apoios sociais e domiciliár­ios à nossa população idosa e carenciada, que vive quase sempre sozinha e sofre muito frio no Inverno, adoecendo com mais facilidade e mais gravemente. Portugal tem o coeficient­e mais elevado de desigualda­de de distribuiç­ão de rendimento­s na Europa!

– Faltou dinheiro para planear adequadame­nte o inverno, etc., etc.

E quanto aos médicos? (ler próximo artigo).

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