Jornal de Notícias

Concessão em contrarrel­ógio e mergulhada em suspeitas

Porto Metro negoceia contrato com catalães e tenta evitar prolongame­nto do atual, que acaba a 1 de abril Antrop duvida da ata de adjudicaçã­o e formaliza pedido de impugnação administra­tiva do processo

- Carla Sofia Luz e Hugo Silva locais@jn.pt

A Metro do Porto já está a negociar com os catalães da TMB a concessão da operaçáo, após ter recebido aval do Governo. A Antrop questiona a veracidade da ata de adjudicaçã­o e exige que o processo não avance.

Énum cenário marcado por muitas dúvidas – à eventual participaç­ão ilegal da TMB no concurso, soma-se agora a suspeita da Associação Nacional de Transporta­dores Rodoviário­s de Pesados de Passageiro­s quanto à ata da adjudicaçã­o – que a Metro negoceia, em contrarrel­ógio, a concessão da operação.

O atual contrato termina a 1 de abril. Assim, a Metro tem pouco mais de um mês para acertar todos os pormenores com o grupo catalão que venceu o concurso (foi o único concorrent­e), enviar o processo ao Tribunal de Contas e receber luz verde daquele organismo para formalizar o contrato. A convicção é de que isso será possível. Já em 2010, a concessão foi negociada e contratual­izada com a ViaPorto em prazos semelhante­s a estes.

Foi no passado dia 12, quando no Parlamento se discutiam propostas de toda a oposição para anular o concurso, que o secretário de Estado dos Transporte­s, Sérgio Monteiro, homologou a adjudicaçã­o feita à TMB pela Metro do Porto. A empresa encetou então as negociaçõe­s com o consórcio catalão, por forma a evitar um novo prolongame­nto da concessão atual.

O processo avança, apesar das muitas dúvidas que se têm levantado. E que já chegaram à Comissão Europeia, através da Antrop e de deputados do PS. Em causa a eventual ilegalidad­e de que enfermará a participaç­ão da TMB no concurso.

O consórcio integra a Ferro- carril Metropolit­á de Barcelona, operador interno da Catalunha que recebe fundos públicos e que, por isso, não poderia apresentar-se a concursos internacio­nais, de acordo com uma diretiva europeia.

Agora, a somar a essa dúvida, à qual o Governo nunca respondeu, a Antrop soma a suspeição quanto à ata da reunião do Conselho de Administra­ção da Metro durante a qual foi aprovada a adjudicaçã­o aos catalães.

Numa missiva enviada na semana passada ao presidente da Metro, João Velez Carvalho, e a que o JN teve acesso, a Antrop faz notar que consultou o dossiê do concurso a 19 de janeiro e que nada encontrou sobre uma decisão final de adjudicaçã­o. Um facto que terá sido confirmado por Velez Carvalho, em carta enviada à Antrop a 11 de fevereiro. Contudo, na semana passada, em nova consulta do processo, foi encontrada “uma carta de comunicaçã­o de adjudicaçã­o do concurso”, datada de fevereiro, dando conta que a Metro e a STCP tinham decidido adjudicar as propostas de forma isolada. Uma decisão tomada a 16 de janeiro e entretanto homologada pelo Governo.

“Não se sabe exatamente em que momento ocorreu a reunião dos conselhos de administra­ção da Metro e da STCP, nem quando foi lavrada em ata a alegada ‘deliberaçã­o tomada em 16 de janeiro’, pelo que se alega, para os devidos efeitos legais a respetiva falsidade, sendo inexistent­e, na presente data, qualquer ato de adjudicaçã­o válido”, sublinha a Antrop, na carta em que apresenta o pedido de a impugnação do processo.

METRO DO PORTO NÃO COMENTA ACUSAÇÕES FEITAS PELA ANTROP

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JOSÉ MOTA/GLOBAL IMAGENS/ARQUIVO ViaPorto só assegurará o serviço do metro até ao final do mês de março

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