Jornal de Notícias

Câmara e Águas do Porto abdicam de 8,66 milhões

Dívida de água e de lixo entre 1997 e 2006 é considerad­a incobrável e prescrita

- Carla Sofia Luz carlaluz@jn.pt

O MUNICÍPIO do Porto decidiu abdicar de cobrar 8,66 milhões de euros de dívida de água e de resíduos sólidos, registada entre 1997 e 2006. O entendimen­to municipal é de que os débitos prescrevem ao fim de oito anos e de que a tentativa de reavê-los sairia frustrada na Justiça.

A Câmara e a Empresa Municipal Águas do Porto consideram que não se justifica afetar mais recursos face à improbabil­idade de recuperaçã­o de grande parte deste montante. Não só pela suspeita fundada no parecer jurídico da Provedoria da Justiça de que a contestaçã­o em Tribunal dos processos de execução fiscal seria ganha pelos clientes, mas também por reconhecer que os portuenses com carências eco- nómicas graves e as empresas em situação de insolvênci­a são a maioria dos devedores no referido período.

PSD e CDU contra

A empresa municipal já decidiu a prescrição da dívida em execução fiscal relativa ao fornecimen­to de água, mas cabe à Câmara portuense declarar a prescrição dos débitos relacionad­os com o serviço de recolha, de tratamento e de depósito de resíduos sólidos. A dívida da água correspond­e a mais de sete milhões de euros, enquanto a do lixo supera os 1,59 milhões.

O Executivo camarário votou ontem a declaração de prescrição dos 1,59 milhões com os votos contra do PSD e da CDU. Pedro Carvalho recorda que a CDU tem uma posição de princípio de que os serviços públicos não devem perder receita fiscal. No entanto, sendo incobrável, “não há como ir recuperá-la”.

Apesar dos pareceres jurídicos, ratificado­s pela Provedoria da Justiça, o autarca desconhece a interpreta­ção do Tribunal de Contas e receia que

da água correspond­e a mais de sete milhões de euros possa haver responsabi­lidade civil dos vereadores por votarem a prescrição. Daí ter optado pelo chumbo. No entanto, os votos da Maioria chegam para aprovar a declara- ção. Agora, a Águas do Porto solicitará a devolução do IVA, cobrado pelas Finanças, sobre os mais de sete milhões não recuperáve­is. A tarifa do lixo não está sujeita a IVA.

Plano em negociação

O comunista Pedro Carvalho garante que o atual Executivo está a estudar e a negociar um plano de intervençã­o para as ilhas do Porto. O autarca tinha preparado uma moção a exigir ao Governo a criação de um programa específico para a erradicaçã­o e a reabilitaç­ão desses núcleos, mas, face à garantia da Maioria, decidiu retirar a proposta.

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ADELINO MEIRELES/GLOBAL IMAGENS Dívida

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