Carla Miranda critica medalha a Sindika Dokolo
O COLECIONADOR de arte e marido da empresária angolana Isabel dos Santos, Sindika Dokolo, será o próximo medalhado pela Câmara do Porto. O Executivo aprovou ontem a distinção por unanimidade, apesar das reservas da socialista Carla Miranda. A vereadora discorda do princípio de atribuição da medalha municipal de mérito – grau ouro a personalidades que só “passam pela cidade”.
Primeiro foi o realizador Oliver Stone, agora é Sindika Dokolo. Ambas as distinções, entende a autarca, estão desenquadradas do regulamento de atribuição de medalhas e banaliza a homenagem municipal. “O facto de trazer o seu património e vir divulgálo na cidade, mesmo a custo zero, não é suficiente para dar-lhe uma medalha. Não faz sentido”, argumenta Carla Miranda, para quem a distinção de Oliver Stone foi “um devaneio do presidente” da Câmara, Rui Moreira.
Por isso, deixou claro que se a Maioria persistir na atribuição de medalhas “a pessoas que não fizeram mais do que visitarem-nos”, não voltará a dar o seu voto favorável. Ontem, Carla Miranda manifestou a intenção de abster-se na votação da homenagem a Sindika Dokolo, porém acabou por votar a favor para que não caia uma “mancha” sobre esta distinção, deixando uma declaração de voto. Não está em causa o colecionador, mas o princípio de atribuição de medalhas, insiste.
O Município vai distinguir Sindika Dokolo por ter cedido a sua coleção de arte contemporânea e suportado as “necessidades logísticas e financeiras essenciais” à concretização da exposição de arte moderna “You love me, you love me not”. A mostra com obras de artistas como Marlene Dumas, William Kentridge, Nick Cave, Kara Walker ou Samuel Fosso, é inaugurada no dia 5.