Um cenário de sonho
Pintor português contribuiu para o Óscar de melhor direção de arte Por Ana Peixoto Fernandes
Opintor e muralista português Gonçalo Jordão não dormiu na noite passada. Acompanhado pela família e em contacto com amigos pelo Skype, assistiu, a partir de Viana do Castelo, em direto, à cerimónia dos Óscares e à consagração de “Grand Budapest Hotel”, o filme cujo cenário ajudou a construir.
Jordão é o autor dos murais das paredes do “lobby” do hotel no filme de Wes Anderson que arrecadou, entre outros, o Óscar de melhor direção de arte. Foi nesta área, a da cenografia, que o português de 41 anos, nascido em Lisboa e filho de uma minhota e de pai alentejano, interveio. “Sintome um pouco vencedor do Óscar, claro. De certa maneira já estava à espera. O filme tem tanta qualidade... Já posso dizer, de alguma maneira, que ganhei um Óscar”, comentou.
Na sua página de Facebook, um amigo partilhou uma fotomontagem com Gonçalo a segurar a estatueta. O pintor ri, satisfeito, da brincadeira. Afinal, a imagem representa o mais alto reconhecimento pelo seu trabalho de dois meses em Gorlitz, na fronteira da Alemanha e da Polónia, onde, integrado numa equipa dirigida por Anna Pinnock e Adam Stockhausen, reproduziu cópias gigantes de quadros de paisagens da Bavaria, “para serem proporcionais ao espaço do lobby do hotel”. “Foram feitos murais a simular pintura a fresco. Foi essa a encomenda, reproduzir aqueles quadros para o tamanho de cinco metros. Foi uma experiência ótima. A cópia é mesmo o que eu gosto de fazer”, explicou.
Com formação em artes decorativas, Gonçalo Jordão estudou na Fundação Ricardo Espírito Santo e cedo começou uma carreira.
Trabalhos em Angola, no Brasil e em Paris (parque temático do Astérix) catapultaram-no para a desejada internacionalização.
“O Óscar vai continuar a dar-me trabalho nesta área do Cinema e outras. Gostava de trabalhar com um (Martin) Scorsese”, diz.