INEM atrasa socorro a doente grave para fazer de táxi a enfermeira
Viatura de emergência desviada de transporte prioritário para trocar equipa Sindicato faz queixa à Inspeção-Geral da Saúde e pede demissão do dirigente
A mulher do presidente do INEM, enfermeira de viatura médica e do Hospital de Gaia, está a ser acusada de ter atrasado o transporte de uma doente prioritária, com conivência do marido. Vai ser feita queixa à IGAS.
Oepisódio aconteceu na segunda-feira passada, pouco depois das 13 horas. O INEM acionou uma ambulância e uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER) para Espinho para socorrer uma jovem de 29 anos, considerada prioritária. No local, a equipa decidiu que a doente deveria ser transportada para a unidade coronária do Hospital de Santo António, no Porto, onde tinha sido recentemen- te submetida a uma cirurgia cardíaca e onde era seguida.
Mas depois de iniciado o trajeto, a ambulância foi desviada para a rotunda de Vila d’Este, em Gaia, para que a enfermeira e o médico da VMER fossem substituídos e pudessem entrar ao serviço às 14 horas no Hospital de Gaia. No local da troca estava o presidente do INEM, Paulo Campos, e outra equipa do Hospital de Gaia para acompanhar a doente ao destino.
O presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE) garante que foi o presidente que transportou a equipa substi- tuta até à referida rotunda e acusa Paulo Campos de ser conivente com uma situação que atrasou o transporte de emergência. A situação foi, aliás, testemunhada pela vogal da direção do STAE que seguia na ambulância. Para além do desvio de cerca de oito quilómetros, a doente teve ainda de aguardar que as equipas trocassem informações.
A Comissão de Trabalhadores considera a situação “criticável” e lembra que há regras no INEM a impedir os trabalhadores que acumulam funções de terem horários sobrepostos e contíguos, para evitar que situações do género aconteçam. Rui Gonçalves salienta que este episódio não reflete o profissionalismo dos trabalhadores do INEM.
Perante a gravidade dos factos, o STAE e a Comissão de Trabalhadores afirmaram ontem, ao JN, que vão apresentar queixa à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
O JN questionou o INEM, mas não recebeu resposta em tempo útil. Mas ao jornal “Público”, o gabinete de Imprensa do instituto garantiu que o presidente “em momento algum telefonou ao meio de emergência nem teve qualquer intervenção neste transporte”, nem na “rendição da equipa”, até porque “não é decisão do INEM a gestão das equipas de médicos e enfermeiros que tripulam as VMER e que pertencem aos hospitais onde o meio se encontra sediado”.
Questionado pelo JN, o Centro Hospitalar de Gaia/ /Espinho informou que já abriu um processo de averiguações para apurar o ocorrido.
SINDICATO GARANTE QUE O PRESIDENTE DO INEM CONDUZIU EQUIPA DE SUBSTITUIÇÃO