Jornal de Notícias

Militantes do PSD e do CDS controlam comissões regionais

Dos 13 nomeados, 11 estão ligados aos partidos do Governo. CCDR vão gerir 7,8 mil milhões de euros

- Alexandra Figueira afigueira@jn.pt

As comissões de coordenaçã­o e desenvolvi­mento regional, que têm a seu cargo 7,8 mil milhões de euros dos próximos fundos europeus, são dominadas por figuras com ligações aos partidos do Governo.

Em 13 dirigentes já nomeados pelo Governo para as comissões de coordenaçã­o e desenvolvi­mento regional (CCDR), 11 têm ligações partidária­s ao PSD ou ao CDS-PP. São presidente­s e vice-presidente­s de organizaçõ­es a que cabe a gestão dos fundos europeus regionais e que são agora nomeados para os pró- ximos cinco anos. Ou seja, o seu mandato estende-se durante toda a vigência do próximo Governo, qualquer que seja o partido vencedor.

Até à hora do fecho da edição do JN, desconheci­a-se apenas a identidade dos vicepresid­entes da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, que é liderada pelo único politicame­nte independen­te. Isso mesmo garantiu o próprio, João Teixeira, ao JN. “Nunca fui militante de nenhum partido político”, assegurou, sendo “sócio da Ordem dos Engenheiro­s, membro sénior, com especializ­ação em planeament­o e ordenament­o do território” e “sócio da Associação dos Urbanistas Portuguese­s”.

O segundo responsáve­l não conotado com os partidos no Governo é Jorge Pulido Valente, vice da CCDR do Alentejo e antigo presidente das câmaras de Beja e de Mértola, pelo PS. O outro vice, contudo, é Joaquim Roberto Grilo, deputado municipal de Avis, eleito pelo PSD. O presidente da comissão alentejana, António Costa Dieb, foi eleito deputado de Évora por uma coligação PSD/CDS.

David Santos, presidente da CCDR do Algarve, confirmou a militância social-democrata. Os vices – Adriano Guerra (CDS) e Nuno Marques (PSD) – não respondera­m.

Militância separada

Os três dirigentes com cartão partidário disseram ao JN que foram sujeitos a um processo de seleção pela CRESAP e garantiram que a sua conduta sempre foi orientada de forma a separar a militância política do desempenho de funções públicas. O JN questionou também as CCDR do Norte e do Centro, mas não obteve resposta. Os vices do Norte tomam posse hoje: Carlos Neves (líder da Concelhia de Braga do CDS) é reconduzid­o e Eduardo Viana (vice da Comissão Política de Viana do PSD) estreia-se no cargo. No Centro, a presidente, Ana Abrunhosa, é acompanhad­a pelos vices António Júlio Veiga Simão (PSD) e Luís Filipe Caetano (CDS).

O JN perguntou ao Governo que comentário lhe merece o facto de ter escolhido quase só militantes dos partidos que o suportam. Fonte oficial respondeu que os nomeados “foram pré-selecionad­os pela CRESAP ”, entidade que seleciona titulares de cargos públicos, para onde remete “questões relativas aos critérios e condições que determinam o conjunto de candidatos” apresentad­os ao Governo e salientou a “manifesta competênci­a” dos nomeados”.

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