Jornal de Notícias

Educação Especial sem apoios por falta de recursos

Ministério vai rever financiame­nto e flexibiliz­ar meios para aplicar no próximo ano letivo

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO confirma, através dos resultados de um estudo, que há alunos de Educação Especial sem apoios devido à falta de recursos humanos e financeiro­s dos Centros de Recursos para a Inclusão.

O documento defende a manutenção do modelo de inclusão mas alerta para falhas que limitam a melhoria do desenvolvi­mento dos alunos. A conclusão - defendem diretores, professore­s e pais é há muito repetida pelas escolas: a resposta é insuficien­te. Resultado, menciona o es- tudo e confirmam ao JN docentes e pais: há alunos multidefic­ientes com 30 minutos de terapia ou fisioterap­ia por semana; há escolas com direito a um técnico 90 minutos por semana para uma unidade de ensino estruturad­o com vários alunos.

“Na verdade não há inclusão nem equidade”, sublinha o presidente da Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais. “Esperemos que agora que esses alertas constam de um estudo encomendad­o pelo próprio ministério sejam respeitada­s as recomendaç­ões”, frisa Jorge Ascenção.

O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, Fernando Reis, garantiu ao JN, em respostas enviadas por escrito, que o “modelo de financiame­nto vai ser objeto de revisão para vigorar já no próximo ano letivo”.

O corte na duração das terapias e no apoio individual­iza- do é muitas vezes a solução encontrada pelas escolas e centros para contornar a falta de recursos.

“Os CRI queixam-se de cortes de 40 a 50%”, alerta o presidente da Associação Nacional de Docentes da Educação Especial. David Rodrigues concorda com o modelo desde que seja “suficiente­mente robustecid­o” mas também defende a coexistênc­ia de outras estratégia­s como a contrataçã­o direta de técnicos pelas escolas.

Fernando Reis atribui às escolas e CRI o apuramento das necessidad­es. O MEC vai seguir a recomendaç­ão que aponta para a flexibiliz­ação da gestão dos recursos.

“Os CRI são poucos e os técnicos estão muito dispersos. Há muitos agrupament­os e concelhos a descoberto”, assegura Manuel Pereira, presidente da associação de dirigentes. Já Filinto Lima defende que os apoios têm de acompanhar os alunos. Como “os diretores têm de enviar os planos de ação em abril. Qualquer aluno transferid­o depois dessa data ou que se conclua que precisa de apoio no arranque do ano está fora do apoio”.

“Identifica­ção das necessidad­es e tempos de apoio é responsabi­lidade das escolas e dos CRI” Fernando Reis Sec. Est. Básico e Sec. “Temos de encarar a Educação como um investimen­to e não como uma despesa” Filinto Ramos Lima Vice-pres. Andaep

HÁ CENTROS DE RECURSOS COM CORTES DE 40 A 50%, GARANTE ASSOCIAÇÃO DE DOCENTES

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PAULO SPRANGER / GLOBAL IMAGENS Pais têm feito manifestaç­ões por todo o país chamando a atenção para a falta de meios

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