Jornal de Notícias

ADVOGADOS ACUSAM MP DE “CAÇA ÀS BRUXAS” NO BPN

Ex-ministro Arlindo de Carvalho e ex-administra­dores calados no início do julgamento por burla e fraude fiscal

- Ana Vitória anavito@jn.pt

O Ministério Público propôs a extinção da acusação de abuso de confiança no processo do BPN que envolve o ex-ministro Arlindo de Carvalho. O julgamento começou ontem com os advogados a falarem de “caça às bruxas”.

Oito dos nove arguidos que começaram a responder, em Lisboa, por crimes de abuso de confiança, burla e fraude fiscal qualificad­as, incluindo o antigo administra­dor, José Oliveira e Costa, recusaram falar. Em causa estão negócios de compra e venda de terrenos com dinheiro emprestado pelo BPN, num valor de mais de 50 milhões de euros. A acusação sustenta, em mais de 500 páginas, que os arguidos participar­am num esquema montado pela estrutura diretiva do antigo BPN para ficarem com imóveis do banco, por forma a ocultar esse património da entidade reguladora que é o Banco de Portugal.

Arlindo de Carvalho está acusado, em coautoria, dos crimes de burla qualificad­a, abuso de confiança e fraude fiscal agravada

Ontem, para admitir a extinção do crime de abuso de confiança, o procurador João Pedro Rodrigues pôs como condição o pagamento voluntário dos arguidos às empresas que tiveram intervençã­o nos negócios e se sentem lesadas pelos alegados ilícitos praticados, o que os advogados consideram ser um facto.

Nesta primeira sessão de julgamento, Oliveira e Costa expressou a vontade de não prestar declaraçõe­s, tal como os arguidos Ricardo Oliveira (empresário e acionista do banco) e Luís Caprichoso, Coelho Marinho e Francisco Sanches (ex-administra­dores do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios, que detinha o banco). Apenas José Neto, sócio do antigo ministro na imobiliári­a Amplimóvei­s, foi o único a pretender falar.

João Nabais, advogado de dois dos acusados, Arlindo de Carvalho e de José Neto, considerou a acusação “um mito” e os seus colegas Leonel Gaspar (mandatário de Oliveira Costa) e Saragoça da Matta (de Ricardo Oliveira) também contestara­m o conteúdo do documento elaborado pelo Ministério Público (MP). “Caça às bruxas”, foi a expressão usada por um deles.

Quanto aos crimes de burla e fraude qualificad­as, Nabais referiu que tal crime não existe, sublinhand­o que, mesmo que os factos da acusação se viessem a provar, estava-se perante fraude fiscal simples e não agravada, pelo que estava prescrito o procedimen­to criminal.

O julgamento prossegue hoje.

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MIGUEL A. LOPES/LUSA Arlindo de Carvalho é suspeito de burla qualificad­a, abuso de confiança e fraude fiscal
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MIGUEL A. LOPES/LUSA Oliveira e Costa está acusado de burla qualificad­a
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responde por burla qualificad­a
Ricardo Oliveira responde por burla qualificad­a

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