Jornal de Notícias

Sobreviven­te escapa a julgamento por mortes no Meco

Juiz apela a pais das vítimas para aceitarem “evidências” e a realidade trágica

- Nuno Miguel Ropio locais@jn.pt MÁRCIO SILVA

O TRIBUNAL de Setúbal livrou, ontem, João Gouveia de ir a julgamento pela mortes dos seis colegas da Universida­de Lusófona, há mais de um ano, no Meco.

Contra o único sobreviven­te daquela tragédia não foram provados os indícios dos crimes de exposição ou abandono das vítimas, como defendiam os pais dos alunos mortos. “Eram todos adultos! Estavam lá porque queriam”, concluiu o juiz Nélson Escórcio.

Sem ler o acórdão e num tom informal, o juiz pediu aos pais emocionado­s para “olharem objetivame­nte para estes autos”, com cerca de 3000 páginas. “Assimilem e aceitem as evidências, a realidade – que não é extraordin­ária, maléfica, conspirató­ria. Apenas profundame­nte dolorosa”.

“Tentem”, apelou Nélson Escórcio, para quem João não

21 de janeiro/2014

Perante a mediatizaç­ão mantinha sobre “os colegas falecidos um qualquer efetivo dever de guarda, vigia ou assistênci­a e os tenha, já no mar, deixado à sua sorte, daí resultando um aumento dos riscos que corriam”.

“Procuram os assistente­s (familiares das vítimas) dar ênfase às práticas de praxe, mas fizeram-no e fazem-no esquecendo o contexto, a idade, o propósito dos jovens naquelas envolvidos”, alega no despacho de não pronúncia.

Apesar das muitas questões para as quais não houve respostas, o juiz frisou que “ficam apenas as palavras do próprio arguido”, que considerou também “uma vítima”, dado o “impacto profundame­nte negativo e traumatiza­nte” desta tragédia.

Perante o segundo arquivamen­to deste caso, o representa­nte dos pais, o advogado Vítor Parente Ribeiro, adiantou, ao JN, que irá recorrer para a última estância possível a nível nacional: o Tribunal da Relação.

À saída, Fernanda Cristóvão, mãe de uma das vítimas, Catarina Soares, avisou que os pais vão “continuar a lutar” pela verdade. UM BOMBEIRO de Viana do Castelo, a quem foi detetado excesso de álcool após um acidente entre a ambulância que conduzia e um motociclo, arrisca um processo disciplina­r. Neste momento, o Comando da corporação está a investigar as causas do acidente.

A existência de uma averiguaçã­o interna foi ontem revelada pelo vice-presidente dos Bombeiros Voluntário­s de Viana do Castelo, José Salgado. O responsáve­l acrescento­u que, depois de concluída a investigaç­ão, vai ser decidida “a abertura, ou não, de um processo disciplina­r”.

Em causa está um acidente ocorrido no dia 24 de fevereiro, na freguesia de Outeiro. O motorista da ambulância apresentav­a, segundo fonte da GNR, “uma taxa de alcoolemia de 0,29 gramas por li- tro, tendo sido instaurado um processo de contra ordenação grave”. A taxa limite imposta aos condutores de veículos prioritári­os é de 0,20 gramas por litro.

Sobre este caso, o comandante dos Voluntário­s de Viana do Castelo, Cândido Carvalho, explicou que o bombeiro “estava de folga naquele dia e fez um favor à corporação porque, na altura em que foi recebida a chamada para a emergência, não havia gente”. Para o comandante, o que aconteceu a seguir “não passou de um incidente”.

“A ambulância circulava num caminho estreito. O motorista parou para recolher os retrovisor­es, evitando que fossem danificado­s pelos muros, e, nessa altura, surgiu, em sentido contrário, um motociclo que não conseguiu evitar o embate”, contou. A emergência foi assegurada por outra corporação da cidade.

 ?? CARLOS SANTOS/LUSA ?? Fernanda Cristóvão , mãe de uma das vítimas, clamou por justiça após decisão
CARLOS SANTOS/LUSA Fernanda Cristóvão , mãe de uma das vítimas, clamou por justiça após decisão
 ?? MÁRCIO SILVA ?? Motorista da corporação apresentav­a taxa de 0,29 g/l
MÁRCIO SILVA Motorista da corporação apresentav­a taxa de 0,29 g/l

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal