Jornal de Notícias

Pedófilos aliciam crianças de 8 anos através de telemóvel

Smartphone­s dão acesso a aplicações cada vez mais usadas por abusadores Menores fogem de redes frequentad­as pelos pais e ficam expostos ao perigo

- Alexandre Panda policia@jn.pt

Há crianças com oito anos vítimas de chantagem sexual na Internet, diz a PJ. Os smartphone­s dão-lhes acesso a aplicações perigosas e até as PlayStatio­n têm riscos. Julga que sabe o que o seu filho/a faz na Internet? Se calhar não sabe.

Em menos de uma semana, a Polícia Judiciária (PJ) deteve três pedófilos que criavam falsos perfis na Internet, fazendo-se passar por menores para levar as crianças a fotografar­em-se nuas, usando depois as imagens para as chantagear. A vítima mais nova tem dez anos, mas a PJ admite que há casos de crianças ainda mais novas, pelo que situa o grupo de risco entre os oito e os 15 anos.

Não há dúvidas, para os especialis­tas, de que cada vez mais cedo as crianças são atacadas, pois é também cada vez mais cedo que recebem dos pais smartphone­s com capacidade para aplicações muito sofisticad­as e que oferecem garantias de anonimato aos pedófilos. Novos programas surgem com tanta frequência que é praticamen­te impossível aos pais conhecerem tudo o que existe nos smartphone­s ou tablets dos filhos.

Em Portugal, não há estudos rigorosos sobre este fenómeno porque os investigad­ores académicos deparam-se precisamen­te com a vergonha das crianças e as polícias ainda não distinguem, nas suas estatístic­as, as agressões sexuais online.

No entanto, segundo a avaliação da PJ, é entre os oito e os 15 anos que os menores mais tempo passam na Internet em Portugal, para contactar e conhecer pessoas e isso está a ser aproveitad­o por predadores, que já fizeram numerosas vítimas neste escalão etário. Em vez de pesquisare­m pornografi­a infantil na Internet, procuram agora obter essa pornografi­a em encontros online.

“É relativame­nte fácil instrument­alizar uma criança. Todos os miúdos têm Internet no bolso, através dos telemóveis. Mas os pedófilos também usam outros meios, como as consolas de jogos – PlayStatio­n ou Nintendo –, para estabelece­r contactos com os menores”. Fazem-no com identidade­s falsas nos jogos em rede, explica o inspetor chefe Camilo Oliveira, especialis­ta da PJ na investigaç­ão de abuso sexual de menores através da Internet.

Por outro lado, acrescenta o especialis­ta, “existem redes sociais, especialme­nte dedicadas às crianças, como o Habbo, onde os predadores vão para estabelece­r os primeiros contactos”. “Depois passam para mensagens privadas, onde começam a ter conversas de cariz sexual. Procuram as crianças onde elas estão e um show ao vivo é o que estimula mais um predador”, refere o especialis­ta.

“As novas tecnologia­s vieram aumentar o números de casos de abusos sexuais. Aliás, é impossível quantifica­r quantas crianças são abusadas sexualment­e através da Internet. A distância não é um problema. Houve um caso de um indivíduo dos Açores que durante dois anos abusou de uma criança de 12 anos, sempre à distância. Só precisou de a convencer uma vez. Dizia que não ia chatear mais. Com vergonha ou medo a criança continuou”, exemplific­a.

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