Jornal de Notícias

LEI PREOCUPA-SE MAIS COM OS CONDENADOS

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Em outubro de 2014, um acórdão do Supremo Tribunal Administra­tivo reduziu 60 mil euros ao valor da indemnizaç­ão (de 172 mil euros) a pagar pela Maternidad­e Alfredo da Costa por uma má prática médica que impediu uma mulher de ter relações sexuais com o marido. O coletivo, que integrava uma mulher, considerou que a sexualidad­e aos 50 anos “já não tem a mesma importânci­a” que numa idade inferior. Cândida Almeida não considera que neste caso tenha havido sexismo na decisão. Para a magistrada, o problema é que “a lei preocupa-se mais com a reintegraç­ão do condenado do que com o ressarcime­nto da vítima”, embora a tendência esteja a mudar. “Haverá sempre críticas, mas as indemnizaç­ões são progressiv­amente melhores”, explica. Já Eurico Reis diz ser “interessan­te que haja mulheres envolvidas em acórdãos em que as vítimas são mulheres e a comunidade tem dificuldad­e em aceitar a decisão”, mas volta a alertar para o perigo das “ideias feitas”. re a área criminal, sendo o administra­tivo o campo em que gosta menos de trabalhar.

Eurico Reis, juiz desembarga­dor, considera que homens e mulheres têm formas diferentes de observar o Mundo, que acabam por se refletir na forma de julgar, pois “a interpreta­ção da lei tem sempre alguma margem”. E diz que “a diversidad­e é uma coisa boa”.

No seu entender, “devemos ter muito cuidado com ideias feitas”, pois não há estudos sociológic­os que confirmem que as mulheres julgam de forma diferente. O magistrado aplaude o aumento de mulheres na magistratu­ra, mas salvaguard­a que não deve haver o predomínio de um género sobre o outro, mas sim correspond­ência àquilo que existe na sociedade.

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