Jornal de Notícias

100 DIAS Da euforia à contenção

Costa apostou em Lisboa como reduto estratégic­o contra Governo, mas plano começa a falhar Incógnita quanto à permanênci­a na Autarquia

- Nuno Miguel Ropio politica@jn.pt

Costa comparou a sua gestão financeira na capital com a do país, para demonstrar a incapacida­de do Governo. Mas, há 100 dias na liderança do PS, são já vários os casos que penalizam a imagem que cultivou.

Escolher entre permanecer na Câmara de Lisboa, o único palco mediático com que conta perante a ausência parlamenta­r e televisiva, ou focar-se em apresentar medidas alternativ­as ao Executivo de Passos Coelho, é na primeira que António Costa aposta, desde que chegou à liderança do PS.

Foi o socialista quem estabelece­u como trunfo a sua gestão financeira da Autarquia, em contrapont­o com o aumento da dívida nacional pelo Governo PSD/CDS – que até pagou à Câmara pelos terrenos do aeroporto 300 milhões de euros.

Só que a concertada oposição municipal e, acima de tudo, a realidade, ensombrada por casos mal perceciona­dos pela opinião pública – como um perdão de taxas ao Benfica –, têm provocado sucessivos reveses em tal estratégia.

Considera o politólogo José Fontes, que a Câmara de Lisboa, “apesar de até nem ser o único espaço de ação de Cos- ta”, “é o único em que exerce Governo e pelo qual pretende ser criticado positivame­nte”. “Todavia, no último tempo, em nada o favorece”, aponta.

Dos primeiros dias pós-primárias, em que muita água correu nas ruas de Lisboa, até ao encontro polémico com empresário­s chineses, onde como autarca se referiu às melhorias num país saído de um resgate, o político “estagnou”, descreve Fontes.

Tabu sobre saída

O socialista já avisou que o seu mandato na capital vai até 2017, mas continua sem especifica­r quando tenciona passar o testemunho a Fernando Medina, o seu número dois.

Aliás, foi este último que, há um mês, refreou algumas perspetiva­s que davam conta que isso poderia acontecer em meados de maio, ao dizer numa entrevista ao jornal “Económico” que Costa só “deixará de ser presidente da Câmara Municipal quando for nomeado primeiro-ministro”.

Quanto tempo mais aguentará Costa ser escrutinad­o simultanea­mente por episódios tóxicos relacionad­os com a capital, como aqueles com que tem sido confrontad­o, e pela falta de propostas alternativ­as ao Governo, é uma questão a que uma dirigente próxima do socialista respondeu, ao JN, com “até junho haverá novidades”.

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