SANDRA MORAIS A MASSAGISTA QUE VENCE O PRECONCEITO
NO INÍCIO, em 2007, foi estranho, mas hoje toda a gente já se habituou às funções de Sandra Morais, 39 anos, massagista do Rebordosa, da Divisão D’Elite da A. F. Porto. Para além da equipa sénior, Sandra Morais ainda auxilia a formação e praticamente não tem folgas. “Mesmo quando a equipa sénior não treina, estou cá, pois há sempre lesionados para tratar. É um trabalho árduo, mas gosto do que faço”, confessa, com um brilho nos olhos, agora que ultrapassou barreiras e preconceitos inerentes à entrada de uma mulher num mundo teoricamente exclusivo a homens: “Felizmente, houve uma grande evolução. No começo, era alvo de chacota, so- bretudo quando entrava em campo para auxiliar algum jogador. Ouvia bocas do género ‘por isso é que eles estão sempre no chão’. Lidei sempre bem com a situação e, no clube, sempre fui respeitada, tanto por diretores, como pelos jogadores. Ao fim de algum tempo, passei a ser um deles”.
A entrada no clube deveu-se a um estágio e a primeira aventura passou pelo futsal feminino, mas, ao fim de três anos, passou a integrar o departamento médico e a acompanhar o dia a dia da equipa sénior masculina: “Tenho a ajuda do senhor Firmino, que é uma pessoa impecável. Temos feito um bom trabalho e espero que assim continue, até porque aprendi a gostar do clube e sinto-me perfeitamente integrada”.
De manhã, Sandra Morais exerce outra atividade, trabalhando num escritório, mas, ao final da tarde, veste outra pele, ajudando a tratar as mazelas para que o plantel esteja sempre a 100%: “Felizmente, nunca sofri nenhum susto. Há momentos de stress, quando se lida com fraturas e temos de acompanhar um atleta ao hospital, mas é a minha função”.
Os palavrões também já não a incomodam: “No banco, ouvem-se muitos, mas é no calor do jogo e não me chateia nada. Faz parte do futebol. Nunca me senti desrespeitada”.