Jornal de Notícias

Universida­des à espera de dinheiro do Governo para fechar orçamentos

Ensino Superior estima ter 52 milhões em falta

- Joana Amorim jamorim@jn.pt

Instituiçõ­es ainda não fecharam os orçamentos para o corrente ano, porque o Governo ainda não definiu qual o reforço de verbas a atribuir. Universida­des e politécnic­os reclamam 52 milhões de euros.

“Ainda não fechei o orçamento. É problemáti­co”. Assim o diz o reitor da Universida­de do Minho, António Cunha, que, neste momento, não faz ideia de quando lhe chegarão os “10% do orçamento” – 4,4 milhões de euros – em falta. O “mais tardar”, explica ao JN, o orçamento da UMinho estaria fechado a 31 de janeiro. Vamos em março, e como a UMinho estão as restantes universida­des e politécnic­os do país. Sem orçamento para 2015.

Isto porque o Governo ainda não procedeu ao reforço de cerca de 52 milhões de euros reclamados pelas instituiçõ­es: 40 milhões pelas universida­des, o remanescen­te pelos politécnic­os. Em causa está o impacto da reposição salarial determinad­a pelo Tribunal Constituci­onal, no ano passado.

MEC apura valores

Ao JN, o Ministério da Educação (MEC) explicou que já havia informado as instituiçõ­es, em setembro, de que “o valor da reposição salarial seria calculado em 2015, com base na informação advinda da execução orçamental e de acordo com o valor dos custos salariais efetivamen­te incorridos por cada instituiçã­o nos primeiros meses” deste ano.

Adiantando que a estimativa de reforço devido só “recentemen­te” chegou à tutela, o MEC diz estar a “estudar a informação” com vista “à definição do valor do reforço de cada instituiçã­o”, não se vinculando com qualquer data. “Não existe nenhuma dívida”, conclui.

“Engenharia financeira”

Entendimen­to diferente tem o presidente do Conselho Coordenado­r dos Institutos Superiores Politécnic­os, para quem “é uma verba que está em dívida”. Joaquim Mourato lembra que “o primeiro trimestre já lá vai e as instituiçõ­es já fizeram as suas contas e entregaram os elementos à tutela”. A manter-se a situação, teme que, “em junho [por altura do pagamento do 13. mês], algumas instituiçõ­es já não terão forma de honrar os compromiss­os”.

No Politécnic­o de Bragança, João Sobrinho Teixeira tem “recorrido a receitas próprias e a operações de tesouraria” para fazer face aos 800 mil euros em falta. Já a Universida­de do Porto estima ter a haver 7,7 milhões de euros. Ao JN, o reitor Sebastião Feyo de Azevedo mostra-se “preocupado com a situação, porque quanto mais rapidament­e se souber o entendimen­to do Governo, melhor para um trabalho mais estável”.

Na mesma cidade, o Instituto Politécnic­o do Porto reclama 1,650 milhões de euros. Destacando a “profunda instabilid­ade” que a situação provoca nas instituiçõ­es, a presidente Rosário Gambôa identifica o “subfinanci­amento crónico” como o grande problema do Ensino Superior em Portugal.

À frente da maior universida­de do país, a de Lisboa, António Cruz Serra tem, por isso, a fatia de leão: 11 milhões de euros. Para já, garante o reitor ao JN, “é possível fazer a gestão sem ruturas”. Contudo, e recordando que as instituiçõ­es alertaram para o problema em agosto passado, considera que “não há maneira de se fazer uma gestão de recursos sem saber qual o reforço orçamental” em cima da mesa.

Isto porque, apesar de as instituiçõ­es reclamarem 52 milhões, ninguém sabe quantos serão os milhões a transferir pela tutela.

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NATACHA CARDOSO / GLOBAL IMAGENS Em causa reposições salariais decididas pelo Tribunal Constituci­onal no ano passado

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