Talvez...
Apolítica europeia tem como um dos objetivos centrais o crescimento inteligente. Se olharmos para o yuppismo desregrado de Cavaco, o desgoverno de Durão e Santana e os gastos excessivos de Sócrates, ou as privatizações, contradições e austeridade de Passos Coelho, tal não parece fácil.
Todavia, talvez tenhamos aprendido com o aeroporto na Ota, que afinal devia ser em Alcochete e era “inevitável”. O qual, hoje, não é estratégico, nem sequer necessário.
Talvez possa ser cancelado o porto de águas profundas (e interesses a que só se chega de submarino) que era para ser feito na Trafaria e agora deve ser no Barreiro, cujos custos de dragagem são incomportáveis e que além disso parece desnecessário, quando já há a sul do Tejo um bom porto em Setúbal.
Talvez tenhamos aprendido com a eucaliptização do país, ao vermos o que se passa entre Lousã, Sertã e Oleiros, onde quase todo o emprego é público e onde há cada vez menos habitantes e cada vez mais velhos, apesar do que se gasta em estradas, recuperação de aldeias e combate aos incêndios, e a esperança no turismo se confronta com a paisagem desqualificada e os incêndios de verão.
Talvez tenhamos aprendido com o Alqueva e agora com a barragem do Tua que fazem desaparecer recursos essenciais na qualidade ambiental e cultural do território, com mais valor que o que resulta em água para rega ou eletricidade.
Talvez a política passe a ser vista mais nos seus efeitos nas pessoas e também nos lugares e menos de acordo com perspetivas setorial/ministerial e de oportunidade/popularidade. Talvez se ultrapasse um modo preguiçoso e centralista de ver o país e se possa considerar a diversidade territorial dos problemas e sejam um pouco mais inteligentes a maioria das medidas de política que saem dos ministérios.
Talvez.