Tampa de jazigo virou mesa de piquenique
Família acusa Junta de “falta de respeito”. Autarca garante que a pedra estava abandonada
UMA FAMÍLIA residente em Silvares, Guimarães, está indignada com o presidente da Junta de Freguesia porque este utilizou a tábua de pedra do jazigo de família para fazer uma mesa no parque de lazer que está a ser construído ao lado do cemitério.
A história começa com a morte de João Machado. A família, de Silvares, quis sepultá-lo no jazigo de família onde já estava o avô. A Junta de Freguesia desmontou o jazigo, o funeral realizou-se, e a tábua em pedra que cobre a campa ficou a aguardar que a terra secasse para ser recolocada.
O espanto acontece quando Sandra e Rogério Machado, sobrinha e filho do falecido, viram a tampa do jazigo de família a fazer de mesa de piquenique. “Nem quis acreditar, foi um abuso de autoridade e uma falta de respeito”, conta Rogério. A pedra que tinha tapado o jazigo de família nos últimos 88 anos era agora uma mesa e ninguém os tinha avisado.
Cortada para encaixar
Além disso, segundo Sandra Machado, a estrutura tinha sido cortada: “Antes tinha cerca de 30 centímetros de altura, mas a Junta cortou-a para caber”. Hoje a tábua de pedra já não está a fazer de mesa porque a familiar alertou a Junta de Freguesia e esta mandou-a retirar de cima dos encaixes. Permanece, contudo, ao lado da mesa.
O presidente da Junta de Freguesia, Carlos Martins, tem uma versão diferente da história. Ao JN, conta que quando soube da intenção de sepultar João Machado em Silvares avisou a família de que a campa “estava ilegal porque não tinha as medidas necessárias”. Assim, a família tinha de arranjar uma nova campa e arrumar dali a pedra da antiga.
Seguiram-se dois meses em que “ninguém da família reclamou a pedra nem pediu contas à Junta pela máquina que se pôs lá para a tirar do jazigo”, garante o autarca. Ao ver que ninguém reclamava a peça, e como se adequava na perfeição ao tamanho da futura mesa de piquenique, Carlos Martins decidiu utilizá-la: “A pedra estava abandonada e eu tenho o hábito de aproveitar tudo o que dão à Junta porque é dinheiro que se poupa”.