Cavaco arquiva petição pela demissão de Passos
Autor acusa presidente de “pôr a mão por baixo do Governo” e avança agora com pedido aos deputados para moção de censura
A demissão de Passos Coelho não faz parte da agenda de Cavaco Silva, que mandou arquivar a petição pela saída imediata do primeiroministro, “em face do seu conteúdo”. Agora, é pedida uma moção de censura.
Adecisão de Belém foi formalizada apenas um dia após a petição com mais de 19 mil assinaturas, que tem por base a polémica carreira contributiva de Passos, ter sido entregue, domingo, aos serviços da Presidência. Ontem foi conhecida a resposta ao proponente Luís Moreira, que criou agora outra petição para que os deputados avancem com uma moção de censura. Mas teria de ter maioria absoluta para uma demissão do Governo.
“Acuso a receção da documentação entregue no passado dia 15 de março, a qual mereceu a devida atenção. Informo que Sua Excelência o presidente da República, em face do seu conteúdo, decidiu determinar o seu arquivamento”. Esta foi a resposta formulada e enviada pela Casa Civil a Luís Moreira, militante do BE que garante ter preparado a petição a título individual.
O processo começou com a entrega daquele texto no Parlamento, que disse não ser “o órgão competente para apreciar a petição” e sugeriu a sua entrega em Belém.
Numa reação enviada ao JN, o autor da petição pública lamenta ter sido informado do arquivamento por jornalistas. Depois, cita o ditado popular “ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo”, para dizer que “Cavaco faz de Deus e insiste em pôr a mão por baixo do Governo”.
A seu ver, Cavaco, “que não tem nada a perder, despreza e rejeita a expressão popular” face à petição que reuniu, “num espaço de tempo diminuto, mais de 19 mil assinaturas”. Embora “não agir” seja o seu “paradigma”, tem “a certeza” de que se este protesto tivesse surgido no primeiro mandato, “outro galo cantaria” pois Cavaco “quereria mostrar serviço” para uma reeleição. Agora, “espera calmamente por uma reforma”, enquanto “muitos portugueses” não a terão.
A justificação de Belém refere-se explicitamente ao conteúdo. E, segundo notícias ontem veiculadas, os serviços terão alegado também a falta de requisitos formais.
Luís Moreira termina aconselhando os deputados a fazer “aprovar uma moção de censura”, uma vez que esta já é uma das suas competências. O “passo seguinte” é a petição destinada aos deputados para que “submetam uma moção de censura” ao Parlamento. “Já que com o presidente não se conta, vamos a ver se quem pode faz”,diz o proponente, ao anunciar o texto que já está “online”.
AUTOR DIZ QUE “OUTRO GALO CANTARIA” SE FOSSE PRIMEIRO MANDATO