Jornal de Notícias

Cavaco arquiva petição pela demissão de Passos

Autor acusa presidente de “pôr a mão por baixo do Governo” e avança agora com pedido aos deputados para moção de censura

- Carla Soares carlas@jn.pt

A demissão de Passos Coelho não faz parte da agenda de Cavaco Silva, que mandou arquivar a petição pela saída imediata do primeiromi­nistro, “em face do seu conteúdo”. Agora, é pedida uma moção de censura.

Adecisão de Belém foi formalizad­a apenas um dia após a petição com mais de 19 mil assinatura­s, que tem por base a polémica carreira contributi­va de Passos, ter sido entregue, domingo, aos serviços da Presidênci­a. Ontem foi conhecida a resposta ao proponente Luís Moreira, que criou agora outra petição para que os deputados avancem com uma moção de censura. Mas teria de ter maioria absoluta para uma demissão do Governo.

“Acuso a receção da documentaç­ão entregue no passado dia 15 de março, a qual mereceu a devida atenção. Informo que Sua Excelência o presidente da República, em face do seu conteúdo, decidiu determinar o seu arquivamen­to”. Esta foi a resposta formulada e enviada pela Casa Civil a Luís Moreira, militante do BE que garante ter preparado a petição a título individual.

O processo começou com a entrega daquele texto no Parlamento, que disse não ser “o órgão competente para apreciar a petição” e sugeriu a sua entrega em Belém.

Numa reação enviada ao JN, o autor da petição pública lamenta ter sido informado do arquivamen­to por jornalista­s. Depois, cita o ditado popular “ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo”, para dizer que “Cavaco faz de Deus e insiste em pôr a mão por baixo do Governo”.

A seu ver, Cavaco, “que não tem nada a perder, despreza e rejeita a expressão popular” face à petição que reuniu, “num espaço de tempo diminuto, mais de 19 mil assinatura­s”. Embora “não agir” seja o seu “paradigma”, tem “a certeza” de que se este protesto tivesse surgido no primeiro mandato, “outro galo cantaria” pois Cavaco “quereria mostrar serviço” para uma reeleição. Agora, “espera calmamente por uma reforma”, enquanto “muitos portuguese­s” não a terão.

A justificaç­ão de Belém refere-se explicitam­ente ao conteúdo. E, segundo notícias ontem veiculadas, os serviços terão alegado também a falta de requisitos formais.

Luís Moreira termina aconselhan­do os deputados a fazer “aprovar uma moção de censura”, uma vez que esta já é uma das suas competênci­as. O “passo seguinte” é a petição destinada aos deputados para que “submetam uma moção de censura” ao Parlamento. “Já que com o presidente não se conta, vamos a ver se quem pode faz”,diz o proponente, ao anunciar o texto que já está “online”.

AUTOR DIZ QUE “OUTRO GALO CANTARIA” SE FOSSE PRIMEIRO MANDATO

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NUNO PINTO FERNANDES / GLOBAL IMAGENS Autor da petição para demissão de Passos pede agora uma moção de censura

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