Dilma afirma que ‘corrupção é idosa’
COMO em tudo na vida, é possível olhar para o copo meio cheio ou meio vazio. Dilma Rousseff – a presidente do Brasil severamente atacada desde domingo pela população, que invadiu as ruas (dois milhões em 135 cidades) para protestar contra um Governo que diz ser corrupto – preferiu olhar para o copo meio cheio.
“Quando vi centenas de milhares de cidadãos se manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade”, afirmou, ontem, a presidente do Brasil naquela que foi a sua primeira reação após as manifestações. Se a afirmação é surpreendente, a opinião sobre a corrupção, cujo pacote de medidas preventivas foi sendo sucessivamente adiado até anteontem, é ainda mais. “A corrupção não nasceu hoje. É uma senhora idosa: pode estar em qualquer lugar e não poupa ninguém”.
Ainda assim, anteontem à noite, a chefe de Estado esteve reunida como seu antecessor Lula da Silva e com o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão. Na agenda, a avaliação do cenário político e a definição da estratégia para os próximos meses, nomeadamente para lidar com a condenação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e de outras 26 pessoas, por branqueamento de capitais, associação criminosa e corrupção no caso Petrobras.
Através do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, Dilma fez saber que está disponível para ouvir o povo “com humildade”, que os casos de corrupção serão investigados e o enriquecimento ilícito criminalizado. Em 2013, Dilma disse o mesmo.