Jornal de Notícias

Estudantes denunciam casos de pobreza e abandono

Centenas de alunos do Básico e Secundário, pelo país fora, pediram a demissão do Governo Mais apoios sociais, obras e funcionári­os, e menos alunos por turma são as principais reivindica­ções

- Alexandra Inácio alexandra.inacio@jn.pt

Diversas associaçõe­s de estudantes do básico e do secundário protestara­m ontem, em várias cidades, contra os cortes orçamentai­s na escola pública. Foram exigidos mais meios e a demissão do Governo.

São sempre casos sem rosto, mas não há entre as associaçõe­s quem não conheça alunos que abandonara­m a escola para irem trabalhar, que faltam por não ter dinheiro para o passe ou ainda a quem falta material no fim do segundo período.

“Na minha escola não, mas conheço muitos estudantes a quem os apoios da Ação Social Escolar não chegam e ainda lhes falta livros, ou quem viva na periferia de Gaia e tenha dificuldad­e em ir para escola sem passe”, conta ao JN Inês Pereira, da Associação de Estudantes da Secundária Almeida Garrett, de Vila Nova de Gaia. É um exemplo de uma denúncia repetida nos protestos. Os diretores há muito fazem os mesmos alertas. Há agrupament­os que abrem as escolas nas férias para manter as cantinas a funcionar. E, apesar de a Ação Social Escolar ser das áreas que “funcionam melhor” no setor – repetem frequentem­ente os dirigentes das associaçõe­s de diretores, Manuel Pereira e Filinto Lima –, o maior problema são as muitas famílias de classe média não abrangidas pelos apoios.

“A alimentaçã­o também é um fator de sucesso. Os miúdos com fome não aprendem, ficam é indiscipli­nados”, afirma Filinto Ramos Lima, vicepresid­ente da associação de diretores (Andaep) e diretor da Básica Dr. Costa Matos, (Gaia), uma das que abrem todos os meses do ano.

“O MEC devia aumentar os subsídios e o leque de famílias abrangidas. Há uma franja da classe média desprotegi­da. Ainda esta semana, descobri um aluno que ia para a escola sem pequeno-almoço. Não tem ação social, tivemos de recorrer às verbas do bar e da papelaria para o apoiar.”

Porto, Lisboa, Braga, Santarém e Setúbal foram algumas das capitais de distrito que receberam protestos. A demissão do Governo, devido aos sucessivos cortes orçamentai­s, e mais meios são as exigências dos estudantes. Querem mais funcionári­os nas escolas, a requalific­ação dos edifícios para “deixarem de ter aulas em contentore­s ou em pavilhões com tetos a cair”, menos alunos por turma, manuais mais baratos e descontos nos passes.

“Os professore­s, nas primeiras semanas, aceitam. Mas não se consegue estudar sem os livros todos e uma falta de material pode equivaler a uma de presença”, frisa Inês Pereira.

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No Porto, os alunos exigiram mudanças na educação
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Luta em Lisboa mobilizou dezenas de estudantes

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