Jornal de Notícias

Notificar cancros da pele será obrigatóri­o

- LEONOR PAIVA WATSON

O GOVERNO vai legislar no sentido de tornar obrigatóri­a a notificaçã­o dos cancros cutâneos. O primeiro passo vai ser dado com a aprovação de um projeto de resolução do PSD/ CDS-PP, apresentad­o ontem na Assembleia da República.

“As recomendaç­ões apresentad­as no projeto de resolução são vinculativ­as. Temos a perspetiva de que venham a ser adotadas sobre a forma de lei, dentro de dois meses”, asseverou o socialdemo­crata Miguel Santos.

O Executivo quer, assim, ver criada uma base de dados para registo nacional de todos os doentes com melanoma, a forma mais mortal de cancro cutâneo. E estabelece a obrigatori­edade de notificaçã­o de todos os casos de cancro cutâneo ao ministério da Saúde e aos Registos Oncológico­s Regionais, pelos laboratóri­os de anatomia patológica públicos, privados e do setor social. Isto mesmo pode ler-se, aliás, na 7ª recomendaç­ão do projeto de resolução 1281 do PSD/ CDS- PP.

Osvaldo Correia, secretámer­os rio-geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) entende que esta notificaçã­o obrigatóri­a por parte dos laboratóri­os patológico­s aos diferentes registos oncológico­s regionais “é uma excelente notícia”, que vai no sentido do recomendad­o, há muito, pela própria APCC. Aquele dirigente recorda que “persiste até hoje uma subnotific­ação dos casos”. “E se não trabalharm­os com nú- reais, nunca haverá suficiente alocação de meios humanos e financeiro­s para esta matéria”, justifica.

Recorde-se que esta estatístic­a tem vindo a aumentar em Portugal. Atualmente, estima-se que haja onze mil novos casos, se estivermos a falar de carcinomas basocelula­res ou dos espinocelu­lares. Acresce a isto, mil novos casos de melanomas. Se os primeiros podem provocar corrosão local, e os segundos metastizar em gânglios, os terceiros podem mesmo ser letais: “15% dos melanomas provocam morte em cinco anos”.

“15% DOS MELANOMAS PODEM PROVOCAR A MORTE NO ESPAÇO DE CINCO ANOS”

Reforçar os rastreios

O Governo vai implementa­r ainda o reforço dos rastreios do cancro cutâneo, em especial dirigidos a pessoas com risco acrescido. Para Osvaldo Correia, da APCC, “é outra medida de grande importânci­a”.

As restantes medidas passam, por exemplo, por ações e campanhas de informação. Todas elas, garante o deputado Miguel Santos, “poderão começar a ser implementa­das em poucos meses”.

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