Afonso Dias espera sair da cadeia dentro de nove meses
Entrou às 11 horas de ontem na prisão de Guimarães, pelo rapto de Rui Pedro
ESTEVE DOIS MESES à espera para começar a cumprir a pena de três anos de cadeia a que foi condenado, pelo Supremo Tribunal de Justiça, pelo rapto de Rui Pedro, rapaz de Lousada desaparecido desde 1998. Ontem, cerca das 11 horas, acompanhado pelo seu advogado, Afonso Dias, motorista, de 35 anos, apresentou-se na cadeia de Guimarães, de onde espera começar a sair em precárias dentro de nove meses.
Na semana passada, Afonso Dias disse ao JN querer começar o mais rapidamente possível a cumprir a pena para poder “refazer a vida”. “Já podia ter cumprido um mês e meio de pena que não mereço, porque sou inocente. É uma condenação injusta, mas que sou obrigado a cumprir. Não vou fugir, nem vai ser preciso virem buscar-me. Irei apresentarme voluntariamente. Quero acabar com isto o mais depressa possível, para refazer a minha vida”, disse, então, ao JN Afonso Dias, que também esclareceu a vontade de, mal a lei o permita, solicitar a libertação ou saídas precárias.
Afonso Dias foi condenado a três anos e meio de cadeia, a 4 de março de 2013, pelo Tribunal da Relação do Porto, após ter sido absolvido, em fevereiro no ano anterior, por um coletivo de juízes de Lousada. Os desembargadores do Porto acreditaram que Afonso, amigo da criança, o tinha efetivamente levado a Alcina Dias, prostituta cujo depoimento foi desvalorizado em Lousada. Em junho do ano passado, foi a vez de o Supremo Tribunal de Justiça condenar o arguido, baixando a pena para três anos. Paulo Gomes, o advogado de Afonso Dias, ainda recorreu para o Constitucional, que rejeitou o pedido, há dois meses, deixando Afonso Dias sem alternativa. Escolheu a cadeia de Guimarães para cumprir a pena.
Quem estranha essa escolha é a família de Rui Pedro. “Porque que não escolheu Custóias ou Paços de Ferreira? Isso é que eu queria saber. De qualquer forma, a nossa luta continua. Queremos saber o que aconteceu ao Rui Pedro e não vamos parar até saber. A PJ também já me disse que o caso não acaba com a prisão do Afonso. Pode ser que, agora com mais tempo para pensar, ele comece a falar”, disse, ao JN, Manuel Mendonça, pai de Rui Pedro.