Novo paradigma
As alterações tecnológicas que conduziram à “sociedade global” vieram alterar paradigmas sociais, de produção e consumo, ao nível da família, do trabalho e dos comportamentos individuais e coletivos. Vieram criar uma “nova sociedade” e exigir uma “recomposição social” do tecido urbano, uma vez que é nas cidades que isso mais se faz sentir. Há uma “nova economia” em desenvolvimento, aquilo que se chama de “neteconomia”, com suporte no “comércio eletrónico” e determinante de novos padrões de comportamento na produção e consumo.
Dir-me-ão: ainda bem, isso traz vantagens ao “consumidor” em acessibilidade, custo e conforto “individual”. E aqui entram dois conceitos marcantes desta sociedade: “Consumidor e individual”, porque se trata de uma “sociedade de consumo”, em que tudo, em particular a publicidade, se orienta para o estímulo consumista do “produto” em constante aperfeiçoamento e mudança, sempre a despertar o desejo da compra, o desafio individual da posse, do computador, telemóvel, iPad e iPod, roupa de marca, etc. Individualismo que, dizem, ajuda a marcar diferença em relação ao colega, ao vizinho, ao amigo.
Entra aqui outro conceito em alteração, em crise diz a crónica, resultante desta “revolução tecnológica e globalização da economia”, que é a “crise do emprego, precariedade das relações laborais e alteração de fronteiras entre trabalho e lazer”, ou seja, um “novo paradigma social e laboral”. Tudo isto traz alterações no funcionamento da cidade, na família, no emprego, no associativismo, nos comportamentos individuais e coletivos, na visão cultural da sociedade em transformação. É uma sociedade-cidade em “regressão social”, com ofertas de mais tempo de trabalho pelo mesmo preço, aumento do trabalho invisível, não pago, do teletrabalho gerador de mais individualismo, da autonomia individual destruidora da coesão coletiva. É uma cidade, por enquanto, mais injusta e menos solidária, não esqueçamos!