João Lobo Antunes devolve voz ao Conselho de Ética
Neurologista é o novo presidente de um órgão que estava em gestão corrente
O MÉDICO João Lobo Antunes vai assumir as funções de presidente da Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), órgão consultivo que tem estado em gestão corrente devido à saída de Miguel Oliveira da Silva para a direção clínica do Hospital Santa Maria.
Desde julho, data do último parecer, que a voz do Conselho tem estado calada, tendo-se notado a sua falta em momentos-chave como o do acesso a medicamentos dispendiosos por doentes com hepatite C.
Nas suas primeiras declarações, logo após a eleição pelos pares, os restantes 19 membros empossados ontem na Assembleia da República, João Lobo Antunes admitiu a existência de “vários pedidos pendentes”, sem contudo valorizar esta pausa nos trabalhos do organismo.
O atraso na composição deste Conselho deveu-se, segundo o presidente cessante, o médico Miguel Oliveira da Silva, à demora na proposta dos nomes pela Assembleia da República. O CNECV integra peritos de várias proveniências, desde o Conselho de Reitores, à Ordem dos Médicos e, neste quinto mandato, pela primeira vez, a Ordem dos Farmacêuticos.
O neurologista João Lobo Antunes sublinhou a pertinência, nos dias que correm, do acompanhamento reflexivo das matérias consideradas inovadoras em saúde. “Já estive neste Conselho, não no passado, mas no anterior, e as coisas têm mudado. Há cada vez mais participação do pú- blico” e, por isso, “é necessário ter uma visão muito mais plural sobre estes assuntos e não os deixar contaminar com aspetos ideológicos”. A sua linha mestre de atuação será focada numa abordagem “sem preconceitos e em exercício de liberdade”.
O nome de João Lobo Antunes para o cargo era esperado. “É uma escolha natural. Foi a minha escolha também”, declarou o bastonário dos médicos. José Manuel Silva reconheceu ainda que esta transição poderia ter sido mais curta, mas evita críticas e prefere sublinhar que “a sociedade esteve a funcionar”.
Entre os 20 membros do CNECV estão o teólogo e poeta José Tolentino de Mendonça, Carlos Maurício Barbosa, da Ordem dos Farmacêuticos, Pedro Pita Barros, professor de Economia da Universidade de Lisboa, e Rita Lobo Xavier, da Universidade Católica. Cinco deles foram indicados pelo Governo.
DEFENDE VISÃO DA INOVAÇÃO EM SAÚDE “SEM PRECONCEITOS E EM EXERCÍCIO DE LIBERDADE”