Jornal de Notícias

Relação recebe mais dois recursos de José Sócrates

Advogados criticam acórdão da Relação de Lisboa que ridiculari­za argumentos da defesa

- Nuno Miguel Maia nunomm@jn.pt

DEPOIS de duas derrotas em decisões de tribunais superiores, mais dois recursos de José Sócrates deram entrada na Relação de Lisboa, em contestaçã­o de mais duas decisões do juiz Carlos Alexandre.

Um dos recursos está relacionad­o com um despacho do magistrado que decretou a excecional complexida­de do processo e recusou declarar a nulidade do inquérito e das escutas telefónica­s.

O outro recurso é uma reação à decisão de Carlos Alexandre de não declarar a nulidade do despacho que colocou José Sócrates em prisão preventiva. Os advogados de defesa, João Araújo e Pedro Delille, argumentam que o arguido deveria ter sido confrontad­o pessoalmen­te com os factos que sustentam os perigos de fuga e de perturbaçã­o do inquérito. Em vez disso, a posição sobre o risco de fuga para o Brasil e o desapareci­mento de dispositiv­os informátic­os da sua casa foi expressa no interrogat­ório do dia 24 de novembro por João Araújo, já sem a presença do ex-primeiro-ministro.

Os juízes desembarga­dores Ricardo Cardoso, da 5.ª secção, e José Reis, da 3.ª secção, vão ser relatores dos recursos.

A consequênc­ia do eventual reconhecim­ento das nulidades poderá levar à libertação de Sócrates, que foi esta semana recusada, sucessivam­ente, pelo Supremo Tribunal de Justiça e pela Relação de Lisboa, num acórdão que julgou verificado o perigo de perturbaçã­o de inquérito e a existência de fortes indícios dos crimes. Afastou, contudo, o perigo de fuga alegado tanto pelo Ministério Público como pelo juiz Carlos Alexandre.

“Quem cabritos vende”

Para validar os fortes indícios da prática de corrupção, fraude fiscal e branqueame­nto de capitais, bem como a suspeita de que Carlos Santos Silva é um testa de ferro de Sócrates, os desembarga­dores recorreram a ditados populares, mostrando não acreditare­m na tese da defesa, que passa pela concessão de “empréstimo­s”.

Um dos ditados, segundo o jornal “i”, é “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm”. Mais: os juízes Agostinho Torres e João Carrola alegam que, a ser verdadeira a tese dos empréstimo­s, qualquer cidadão

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ARTUR MACHADO / GLOBAL IMAGENS Ex-primeiro-ministro está preso por suspeitas de corrupção, fraude e branqueame­nto

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