Alegadamente mente
Antes, o secretário de Estado Paulo Núncio jurava a pés juntos que a alegada lista VIP não existia nas Finanças. Alegadamente, era pura má língua dos sindicatos, que alegadamente não têm nada de mais interessante para fazer do que enxovalhar o Governo. Depois, revelada a gravação que confirma – sem “alegadamentes” – a existência da lista, Núncio recusou engolir o sapo que lhe entrava pela boca. E tentou sacudir a água do capote – seria de esperar outra coisa? –, dizendo que alegadamente o Governo desconhecia a sua existência. Só que, ao demitir-se, o diretor-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, António Brigas Afonso, deixou Paulo Núncio encurralado: ou o governante sabia de tudo, e então deve demitir-se; ou não sabia, e então deve demitir-se... porque devia saber. E porque um secretário de Estado alegadamente responsável não pode ter como braço-direito alguém que alegadamente toma medidas ilegais.