Jornal de Notícias

Verso e reverso

- JORGE VILAS Jornalista

Aagência de notação financeira Fitch avaliou o orçamento da Câmara do Porto para o corrente ano e considerou-o globalment­e positivo. Mais, destacou no relatório final o “excelente desempenho histórico” do Município em relação à dívida e a “margem operaciona­l” revelada em 2013, com um “superavit” equivalent­e a 4,6% da receita total. Na classifica­ção final, atribuiu-lhe a notação de BB+ no que se refere à dívida de longo prazo e de de B para dívida de curto prazo.

Dir-se-ia que estamos no melhor dos mundos ... Mas todas as medalhas têm o seu reverso e este é-nos dado pelo relatório que acompanha a proposta de Manuel Correia Fernandes, vereador do pelouro do Urbanismo, no sentido de rever pela segunda vez o Plano Diretor Municipal (PDM). Ele é bem o espelho da cidade dos nossos dias: uma cidade que perdeu população, que perdeu empresas e, portanto, postos de trabalho – e que perdeu, acima de tudo, capacidade para se autorregen­erar.

Na gestão do seu PDM, a Câmara do Porto – diz-se ainda no relatório – falhou em todos os seu parâmetros. “Não foram implementa­das as 24 unidades operativas de planeament­o” e revelou incapacida­de para acompanhar a “súbita transição de um período de cresciment­o relativame­nte dinâmico para uma retração das atividades construtiv­as”. A crise económica que atravessam­os explicará esta situação mas outras há que se têm acumulado nos últimos anos a exigir uma resposta urgente.

A Fitch diz que o Porto se deve orgulhar do forte incremento do movimento turístico registado nos últimos anos mas, em contraste – o tal reverso da medalha –, o relatório para a revisão do PDM assinalou uma dramática perda de população, um aumento assustador do número de desemprega­dos e centenas de idosos a viver sozinhos, sem qualquer apoio assistenci­al. Mas isto a agência de notação financeira não viu, é claro...

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