Verso e reverso
Aagência de notação financeira Fitch avaliou o orçamento da Câmara do Porto para o corrente ano e considerou-o globalmente positivo. Mais, destacou no relatório final o “excelente desempenho histórico” do Município em relação à dívida e a “margem operacional” revelada em 2013, com um “superavit” equivalente a 4,6% da receita total. Na classificação final, atribuiu-lhe a notação de BB+ no que se refere à dívida de longo prazo e de de B para dívida de curto prazo.
Dir-se-ia que estamos no melhor dos mundos ... Mas todas as medalhas têm o seu reverso e este é-nos dado pelo relatório que acompanha a proposta de Manuel Correia Fernandes, vereador do pelouro do Urbanismo, no sentido de rever pela segunda vez o Plano Diretor Municipal (PDM). Ele é bem o espelho da cidade dos nossos dias: uma cidade que perdeu população, que perdeu empresas e, portanto, postos de trabalho – e que perdeu, acima de tudo, capacidade para se autorregenerar.
Na gestão do seu PDM, a Câmara do Porto – diz-se ainda no relatório – falhou em todos os seu parâmetros. “Não foram implementadas as 24 unidades operativas de planeamento” e revelou incapacidade para acompanhar a “súbita transição de um período de crescimento relativamente dinâmico para uma retração das atividades construtivas”. A crise económica que atravessamos explicará esta situação mas outras há que se têm acumulado nos últimos anos a exigir uma resposta urgente.
A Fitch diz que o Porto se deve orgulhar do forte incremento do movimento turístico registado nos últimos anos mas, em contraste – o tal reverso da medalha –, o relatório para a revisão do PDM assinalou uma dramática perda de população, um aumento assustador do número de desempregados e centenas de idosos a viver sozinhos, sem qualquer apoio assistencial. Mas isto a agência de notação financeira não viu, é claro...