SONHOS PROVOCA PESADELOS
A. F. Porto Única equipa sem derrotas em 2014/15 tem a subida à vista e quer manter a folha limpa
VIVEM-SE dias felizes em Ermesinde. Após tempos conturbados, que levaram à extinção do clube mais representativo da cidade, a criação do Ermesinde 1936 não tem parado de dar alegrias aos adeptos. Subida de divisão e final da taça tornaram a época de estreia num sonho concretizado. Um quadro que ganha maior relevo com a fantástica temporada que tem vindo a realizar em 2014/15, em que lidera a 1.ª Divisão, Série 2, com 14 pontos de vantagem para o segundo classificado, o Nun’ Álvares, a sete jornadas do fim da prova. A juntar a tudo isto, é a única das 106 equipas que competem na A. F. Porto que ainda não sentiu o travo da derrota.
A dar os primeiros passos, o Ermesinde 1936 é um bebé que luta como gente grande. O clube debate-se com alguns condicionamentos de ordem física e estrutural, mas assim que o árbitro dá início ao jogo a coisa muda de figura. Uma massa adepta incansável e 11 guerreiros dentro do campo, que não têm parado de somar vitórias. “Tinha plena confiança que iríamos lutar pelos lugares cimeiros, mas nunca com esta diferença e, sobretudo, ainda não ter perdido. São números incríveis”, sublinha, entusiasmado, o treinador Jorge Lopes, explicando que ainda há muito para conquistar. “Ser campeão de série é uma questão de tempo, mas queremos sê-lo sem derrotas. Acredito que o vamos conseguir e, depois, ser campeões de divisão”, diz, sem rodeios, o técnico que representa o clube há 23 anos. “Já tive convites para treinar em divisões superiores, mas estou no meu clube do coração e tenho um carinho enorme por este projeto. Só saio por algo irrecusável. Estou na minha cadeira de sonho”, garante, entusiasmado.
De regresso ao clube onde foi formado, Luís Monteiro, 22 anos, é um dos muitos jogadores que recusaram convites para jogar em escalões superiores com o objetivo de ajudar o clube da terra. “Desde pequeno acompanho o Ermesinde e não há sentimento igual a representá-lo. Agora, o clube tem condições, é cumpridor e isso tem ajudado a esta época de sonho”, explica, seguro, o guarda-redes. 3 O Ermesinde 1936 está na iminência de ficar sem casa. O clube foi notificado, no dia 12, através de uma ação judicial, para abandonar o espaço e poderá ficar impedido de treinar e jogar no Estádio dos Sonhos. “O anterior Executivo deu a garantia que havia um pré-acordo e poderíamos ocupar o estádio. Uma situação que se alterou e nos deixa muito preocupados, pois não podemos planear a próxima época nem sabemos se teremos instalações para treinar. Não merecíamos isto. Somos o parente pobre do concelho”, diz, desolado, o presidente Jorge Costa.