Menina de três anos morta à pancada pelo padrasto
Um dia antes de ser morta, a criança de três anos tinha contado ao avô que o padrasto batera no irmão, um ano mais velho
O agressor ficava em casa com as crianças e a companheira ia trabalhar “Ele apareceu aqui a pedir para eu ligar aos bombeiros. Trazia a menina ao ombro. Ela estava com a carinha caída no ombro dele, parecia que estava morta”
Natalina Valentim vizinha
Uma menina de três anos foi assassinada pelo padrasto à pancada, no Zambujal, em Loures. Morreu no hospital e um dia antes tinha denunciado o agressor por ter batido no irmão, segundo os avós adiantaram ao JN.
A criança deu entrada na manhã de sexta-feira no Hospital de Santa Maria, alegadamente por uma queda na banheira, segundo a desculpa apresentada pelo padrasto, Felinho, de 30 anos, que já se encontra em prisão preventiva.
Mas não foi apenas a menina, Maria Isabel Teixeira de Castro, que a família tratava por Bia, a dar entrada no Hospital de Santa Maria. Também o irmão, Carlos Teixeira, com quatro anos, entrou anteon- tem no hospital, igualmente agredido pelo padrasto. Ao fim da tarde de ontem ainda se encontrava na unidade hospitalar, acompanhado pela mãe, Cátia Teixeira, de 26 anos. As duas crianças eram fruto de anteriores relações e Cátia vivia com Felinho há ano e meio.
O drama começou a desenharse na quinta-feira, como contou ao JN Manuel Sequeira, marido da mãe de Cátia, mas que vê as duas crianças como netos. “Cerca das 18 horas, fui ver os meninos e reparei que o Carlos tinha um olho negro e umas marcas na cara”, recordou. Perguntou-lhe o que era, mas “ele não respondeu”. Foi Beatriz quem, na ingenuidade dos seus três anos, deu a resposta: “Foi o tio Felinho”. O padrasto estava em casa e nada disse. A mãe também não.
Com a menina ao ombro
Só na manhã do dia seguinte, sexta-feira, cerca das 9.30 horas, Felinho apareceu em casa de uma vizinha, Natalina Valentim, a pedir para ela ligar aos bombeiros. “Trazia a menina ao ombro. Ela estava com a carinha caída no ombro dele, parecia que estava morta”. Felinho também disse à vizinha que a Isabel tinha caído na banheira. Mas nesse mesmo dia foi detido e no sábado era-lhe determinada a prisão preventiva.
Júlia Teixeira Sequeira, avó das duas crianças e mulher em segundas núpcias de Manuel Sequeira, não esconde, no entanto, que já anteriormente tinha suspeitado de que “ele batia nas crianças”.
As suspeitas começaram em janeiro, quando Carlos apareceu com hematomas. “Falámos com a minha filha e com o Felinho, mas eles davam sempre uma desculpa qualquer. Ou que tinha sido a Bia a bater no Carlos, a brincar, ou que eles tinham caído, ou que tinham sido os cães”, salientou Júlia.
O casal não acreditava e cada vez que a mãe das crianças ia trabalhar ficavam em sobressalto. “A Cátia trabalha nas limpezas e ele estava desempregado”. E era essa condição que mais os assustava, contam, porque “era ele quem ficava a tomar conta dos meninos. Nós sempre achámos que as coisas não eram como eles contavam. E agora a Bia morreu”.