“Muitas vezes não é possível ajudarmos”
Natália Nunes Coordenadora do GAS explica falta de solução quando os casos chegam a tribunal
Mais do que o desemprego, são os baixos salários que levam muitas pessoas a pedir apoio à Deco, só que mais de metade dos casos que chegam ao Gabinete de Apoio aos Sobre-endividados (GAS) já não podem ser ajudados. O número de pedidos de ajuda ao GAS deixou de subir e os processos abertos até baixaram ligeiramente face a 2014. São boas notícias? Não, nem por isso. Há uma ligeira descida do número de processos, mas isso apenas acontece porque a situação financeira das famílias degradou-se. Ou seja, o que acontece é que quando as pessoas nos pedem ajuda já não podem ser apoiadas. A análise destes casos mostra-nos que um quarto dos pedidos chega já com o processo de execução em tribunal e outro tanto quando a reestruturação extrajudicial não é viável. s
o Os casos de sobre-endividamento por penhoras duplicaram entre 2013 e 2015. Que penhoras são estas? Incluem dívidas fiscais? Não incluem dívidas fiscais. Tratase de penhoras executadas pelos tribunais e maioritariamente associadas a créditos que entraram em incumprimento. Muitas são sobre fiadores.
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n Quem são as pessoas que pedem ajuda? São os desempregados (13,1%), os funcionários públicos (14,7%), mas sobretudo os reformados (25,2%) e os trabalhadores do setor privado, que representam mais de 41%% do total.
e Como se explica que haja mais trabalhadores do que desempregados? Tem a ver com o facto de se tratarem de pessoas que retomaram a sua vida profissional depois de um longo período de desemprego, mas que ganham 500 euros por mês. É isso que explica que quase 70% dos pedidos venham de pessoas que ganham até dois salários mínimos por mês. O número de créditos por pessoa está baixar? Sim. As pessoas estão mais responsáveis e à medida que vão pagando um, não fazem novos. Isso verificase sobretudo nos cartões de crédito e crédito “revolving”. E os bancos estão também mais restritivos na concessão de empréstimos.