Jornal de Notícias

Câmara ganha três milhões

Braga Supremo confirma anulação da compra da Casa das Convertida­s. Verba prestes a entrar nos cofres municipais alivia a tesouraria

- Luís Moreira locais@jn.pt

O processo judicial chegou ao fim. A Câmara de Braga está prestes a receber três milhões de euros do Tribunal Administra­tivo, depois de o Supremo Tribunal ter confirmado a anulação do negócio da compra das Convertida­s, verba que “alivia a tesouraria municipal, cria condições para pagar aos fornecedor­es e para financiar obras com fundos comunitári­os”.

O presidente da Câmara, Ricardo Rio, disse ao JN que o acórdão do Supremo Tribunal já foi enviado para Braga, “devendo a verba retida ser libertada dentro de dias”.

O autarca anunciou a entrada do dinheiro sábado à noite durante um jantar de tomada de posse da nova Concelhia do PSD, até agora liderada por João Granja, mas que passa a ser presidida pelo deputado Hugo Soares.

Ricardo Rio lembrou que a primeira decisão que tomou quando entrou para a presidênci­a em outubro de 2013 foi a de anular o negócio do anterior Executivo socialista e aproveitou para garantir que “deixou de haver pessoas favorecida­s pela gestão municipal”.

Ao JN, salientou que os três milhões de euros – que já constam como receita no orçamento de 2015 – servirão, também, para suprir eventuais necessidad­es financeira­s que advirão das candidatur­as a fundos comunitári­os em projetos como os do Mercado Municipal, ou do Parque de Exposições, que serão apresentad­os em maio ao programa Norte 2020. As obras, se vierem a ser aprovadas exigirão uma compartici­pação municipal.

As três casas anexas ao antigo convento das Convertida­s foram compradas em 2013 pelo ex-presidente Mesquita Machado, para serem integradas num futuro projeto de reconversã­o do convento – que é propriedad­e do Ministério da Administra­ção Interna - em pousada da juventude.

A aquisição deu polémica: o prédio era do genro e da filha do ex-autarca, antes de ser vendido – dias antes da compra – à firma ImoDuarte. Os proprietár­ios chegaram a apresentar um pré-projeto, que previa a construção de seis andares, três deles no subsolo.

No Registo Predial havia uma hipoteca, de 2011, de 2 735 920 euros sobre os três prédios como “garantia de financiame­nto” à sociedade Castro & Castro Rodrigues II, do genro do ex autarca.

A revogação da compra – contestada em Tribunal pela ImoDuarte – foi politicame­nte justificad­a com o facto de não haver nenhuma garantia escrita do Ministério, mas, tão só, uma promessa verbal que o ex-ministro Miguel Macedo teria feito a Mesquita Machado.

Ou seja, a Câmara Municipal considerou que os imóveis expropriad­os sem o edifício das Convertida­s não eram bastantes para a construção da pousada da juventude.

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