Jornal de Notícias

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Dirigentes de certas instituiçõ­es deste país deveriam ter vergonha, quando dizem que “não há fome em Portugal”. O nosso grupo, Coração na Rua, apoia quinzenalm­ente os semabrigo no Porto e, acreditem, arrepia, só de ver mãe e filhos de tenra idade a integrar as filas para a comida. Isto não é ficção, é uma realidade cada vez mais presente. Apelo aos dirigentes para que saiam dos gabinetes, deixem os telemóveis e o ar condiciona­do, e venham para o terreno ver a verdade da fome. anos guia este (des)governo, é “uma coisa boa” os cofres do Estado estarem cheios, enquanto os portuguese­s têm os bolsos vazios. Para Passos Coelho, tudo gira em torno do anacrónico e antissocia­l maniqueísm­o: Estado versus cidadão. Maniqueísm­o que porém esconde um embuste. Se é verdade que os portuguese­s têm os bolsos vazios, é mentira que o Estado tenha os cofres cheios. A dívida pública nos últimos quatro anos cresceu quase 40%, passando de cerca de 90% do PIB para 130%, onde se mantém há mais de um ano. Há seis meses que toda a propaganda pré-eleitoral que o (des)governo da nação distribui em doses massivas pelos cidadãos tem tido um desastroso efeito boomerang. E até a fantasiosa devolução antecipada do empréstimo ao FMI vai

“o mundo sempre foi louco... mas hoje em dia os média reportam estas notícias que ultrapassa­m fronteiras em questões de segundos”

custar ao Estado mais mil e quatrocent­os milhões de euros, com a desvaloriz­ação do euro face ao dólar. “Temos os cofres cheios”, grita a ministra, “temos os bolsos vazios”, protestam os portuguese­s. Ano de eleições, 2015 vai prendar-nos com todos os artifícios que a nossa classe política tem em carteira. Os políticos no ativo posicionam-se (António Costa, por exemplo, manda às malvas a Câmara de Lisboa e os seus munícipes, para tratar da vidinha, depois de ter atraiçoado o colega Seguro) e tudo vale. Vejam o recente exemplo das eleições da Madeira: após a sua retirada forçada, o “dinossauro” Alberto João Jardim prepara-se para ocupar um lugar na AR, mesmo que seja só por gozo, agora no “contenente”, como tantas vezes nos designava ironicamen­te. O nosso (ainda) presidente da República lá vai mandando “bitaites” à esquerda e à direita, tentando encarnar um papel de apaziguado­r, que ninguém da Oposição respeita. Preparam-se de modo quase ridículo figuras para putativos candidatos para a nobre função – alguns nomes sugeridos dão vontade de rir. Vitorinos, Rebelos, Santanas, Barrosos, figuras que, sendo mediáticas, se colocam estrategic­amente dando a ideia de desapego, mas prontinhos para responder à chamada. Entretanto, alguns vão garantindo o seu tachinho, com colocações e remuneraçõ­es pornográfi­cas em empresas que já foram do Estado. Pergunto eu: e os restantes nove milhões de portuguese­s como vão de vida? Será que veem o seu futuro mais claro e desafogado? A austeridad­e vai acabar? Muitas outras questões poderia colocar, mas fico-me por aqui. E espero que os nossos políticos pensem sempre em favor do cidadão português e se deixem de joguinhos que só interessam aos partidos.

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