Sporting mandou vigiar jogadores
Sporting “Testemunha fundamental” só falou após admoestações do tribunal e implicou o clube
Uma testemunha fundamental no julgamento do “caso Cardinal” reconheceu ontem em tribunal ter iniciado a vigilância aos jogadores do Sporting na sequência de uma reunião onde esteve presente o principal arguido, Pereira Cristóvão, antigo vice-presidente do clube, mas também a responsável do departamento jurídico do Sporting.
Já tinha havido referências ao eventual conhecimento que a Direção do clube teria da vigilância, mas foi a primeira vez que uma das pessoas diretamente envolvidas nas vigilâncias, Joaquim Alves, implicou diretamente um órgão superior do clube.
Foi precisa muita insistência e admoestações do coletivo para Joaquim Alves tocar no assunto. Os juízes chegaram até a lembrar que a testemunha “tinha de falar com verdade”, sem o que incorreria “em responsabilidade criminal”, uma vez que o seu depoimento estava a ser “muito pouco credível”.
Por várias vezes Joaquim Alves usara a expressão “não me lembro” cada vez que questionado sobre quem tinha estado envolvido no processo da sua contratação para a tarefa de vigiar os jogadores. E foi repreendido. “O senhor é uma testemunha fundamental no processo”, lembraram os juízes.
Acabou por ser o advogado João Castilho, que defende o outro arguido, Vítor Viegas, a conseguir a resposta. “Diga agora ao tribunal, de forma direta, quem estava nessa reunião, além do arguido Pereira Cristóvão”. “Foi a doutora Helena
Cristóvão responde por burla, branqueamento e denúncia caluniosa, entre outros crimes
Morais”, responsável pelo departamento jurídico do Sporting.
Joaquim Alves era um antigo funcionário do clube que tinha sido afastado após processo disciplinar e estava a tentar ser reintegrado no Sporting. “Eu só queria trabalhar no Sporting”. A testemunha Teve também muita dificuldade em lembrar-se de que forma lhe era feito o pagamento mensal (1500 euros em dinheiro), ou se lhe entregavam algum documento. O tribunal teve lhe mostrar vários recibos, assina- dos por ele, onde se lia que o pagamento era feito “por ordem de Paulo Pereira Cristóvão”. Mas ainda falta perceber nas próximas sessões qual era a origem do dinheiro usado para pagar a Joaquim Alves e a um outro vigilante.