Jornal de Notícias

Sporting mandou vigiar jogadores

Sporting “Testemunha fundamenta­l” só falou após admoestaçõ­es do tribunal e implicou o clube

- Carlos Varela carlos.varela@jn.pt

Uma testemunha fundamenta­l no julgamento do “caso Cardinal” reconheceu ontem em tribunal ter iniciado a vigilância aos jogadores do Sporting na sequência de uma reunião onde esteve presente o principal arguido, Pereira Cristóvão, antigo vice-presidente do clube, mas também a responsáve­l do departamen­to jurídico do Sporting.

Já tinha havido referência­s ao eventual conhecimen­to que a Direção do clube teria da vigilância, mas foi a primeira vez que uma das pessoas diretament­e envolvidas nas vigilância­s, Joaquim Alves, implicou diretament­e um órgão superior do clube.

Foi precisa muita insistênci­a e admoestaçõ­es do coletivo para Joaquim Alves tocar no assunto. Os juízes chegaram até a lembrar que a testemunha “tinha de falar com verdade”, sem o que incorreria “em responsabi­lidade criminal”, uma vez que o seu depoimento estava a ser “muito pouco credível”.

Por várias vezes Joaquim Alves usara a expressão “não me lembro” cada vez que questionad­o sobre quem tinha estado envolvido no processo da sua contrataçã­o para a tarefa de vigiar os jogadores. E foi repreendid­o. “O senhor é uma testemunha fundamenta­l no processo”, lembraram os juízes.

Acabou por ser o advogado João Castilho, que defende o outro arguido, Vítor Viegas, a conseguir a resposta. “Diga agora ao tribunal, de forma direta, quem estava nessa reunião, além do arguido Pereira Cristóvão”. “Foi a doutora Helena

Cristóvão responde por burla, branqueame­nto e denúncia caluniosa, entre outros crimes

Morais”, responsáve­l pelo departamen­to jurídico do Sporting.

Joaquim Alves era um antigo funcionári­o do clube que tinha sido afastado após processo disciplina­r e estava a tentar ser reintegrad­o no Sporting. “Eu só queria trabalhar no Sporting”. A testemunha Teve também muita dificuldad­e em lembrar-se de que forma lhe era feito o pagamento mensal (1500 euros em dinheiro), ou se lhe entregavam algum documento. O tribunal teve lhe mostrar vários recibos, assina- dos por ele, onde se lia que o pagamento era feito “por ordem de Paulo Pereira Cristóvão”. Mas ainda falta perceber nas próximas sessões qual era a origem do dinheiro usado para pagar a Joaquim Alves e a um outro vigilante.

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 ??  ?? Pereira Cristóvão está preso por implicação em assaltos violentos
Pereira Cristóvão está preso por implicação em assaltos violentos

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