Jornal de Notícias

Sete mil judeus querem ser cidadãos nacionais

Regresso Comunidade­s israelista­s de Porto e Lisboa analisam pedidos de alegados descendent­es de quem foi expulso do país há 500 anos

- Nuno Miguel Ropio nacional@jn.pt

Mais de sete mil judeus estrangeir­os já questionar­am as comunidade­s israelitas de Lisboa e Porto sobre a forma de obter a nacionalid­ade portuguesa, desde que o Governo aprovou o decreto-lei que regulament­a a naturaliza­ção de descendent­es dos sefarditas, expulsos de Portugal a partir de 1497.

Cabe unicamente àquelas duas entidades a emissão de um certificad­o que autentica tal descendênc­ia, exigido pelo Instituto dos Registos e Notariado (IRN) para atribuir a nacionalid­ade portuguesa, segundo o regulament­o aprovado em janeiro de 2015 e que entrou em vigor a 1 de março.

Mais de 90% daqueles pedidos entraram na Comunidade Israelita do Porto (CIP), tendo cem deles já recebido um parecer positivo e estando outros tantos em vias de aprovação. A maioria é oriunda dos Estados Unidos, Israel e Turquia – locais “onde as comunidade­s sefarditas são maiores”, explicou ao JN Michael Rothwell, membro da comunidade judaica portuense.

Já à Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) chegaram, desde os finais de fevereiro, duas centenas de pedidos – quer por telefone, quer por email. “Já foram emitidos cerca de uma dezena de certificad­os e encontra-se para análise outra dezena”, disse Teresa Palma Santos, responsáve­l pelo grupo que analisa os processos. Ali, os requerente­s aprovados são judeus brasileiro­s, americanos e israelitas – sendo que um certificad­o pode equivaler a uma família inteira. Brasileiro­s confundido­s com a lei Para a emissão de tal documento é necessário que o candidato prove primeiro que é judeu, depois que é sefardita – população judaica de Portugal e Espanha, que recebeu esta denominaçã­o com a expulsão ou perseguiçã­o a que foi submetida ao longo dos século XV e XVI – e, por fim, que tem origem nacional.

“Milhares de pessoas do Brasil convencera­m-se a dada altura que poderiam obter o certificad­o e a nacionalid­ade portuguesa unicamente pelo facto de terem um apelido português e de afirmarem vagamente uma pretensa descendênc­ia judaica. As coisas não são naturalmen­te assim”, alertou Rothwell.

Apesar de a legislação ter sido

Maioria dos pedidos de informação foi recebida no Porto, de onde já saiu também o maior número de certificad­os

aprovada há precisamen­te um ano pelo Parlamento e regulament­ada agora em janeiro, apenas com a sua entrada em vigor é que o IRN começou a aceitar os certificad­os entretanto emitidos.

Fonte deste organismo revelou que, dado o “curto período temporal de vigência do diploma” e a demora de “instrução dos processos”, ainda só estão em análise cinco casos. Tratam-se de duas mulheres e três homens, com idades compreendi­das entre os 33 e os 57 anos. Estes judeus sefarditas são oriundos do Panamá e da Macedónia.

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Judeus que já conseguira­m autenticar a relação sefardita com Portugal têm nacionalid­ade brasileira, turca, estado-unidense e israelita

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