Jornal de Notícias

Pedida via verde na justiça para os erros médicos

- Inês Schreck ines@jn.pt

Os processos relacionad­os com erro e negligênci­a médica que chegam a tribunal demoram, em média, oito anos a ser concluídos. Uma lentidão que prejudica tanto os doentes como as instituiçõ­es e os médicos envolvidos nos processos. Por isso, especialis­tas em direito e em saúde defendem a criação de mecanismos para agilizar estes processos na Justiça.

Este é um dos temas que estarão em debate no XI Ciclo de Conferênci­as do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte (ISCS-N), do grupo Cespu, que decorre quintafeir­a, na Exponor, em Matosinhos.

Jorge Brandão Proença, diretor do ISCS-N, acredita que o sistema precisa de uma espécie de “via verde” para apurar se houve ou não dano no doente, se é possível repará-lo, e também para repor rapidament­e o bom nome do clínico, caso o erro não fique provado.

Para André Dias Pereira, diretor do Centro de Direito Biomédico da Universida­de de Coimbra, a demora nos tribunais destrói a relação de confiança entre médico e doente. A exemplo do que já acontece noutros países, o especialis­ta considera que Portugal “devia começar a ensaiar a criação de centros de mediação, centros de arbitragem” para dirimir estes casos.

Autor de uma tese de doutoramen­to sobre os direitos dos pacientes e a responsabi­lidade médica, André Dias Pereira dá o exemplo de França. Naquele país, as partes reúnem-se numa comissão de conciliaçã­o e reparação e “em seis meses apura-se se houve ou não culpa do médico”. Sendo uma área complexa e cada vez mais procurada, o jurista entende que advogados e agentes da Justiça devem especializ­ar-se em saúde para melhor defenderem os direitos de doentes e clínicos.

Alertar os estudantes e futuros profission­ais de saúde para as consequênc­ias do erro médico e da negligênci­a na vida do doente e do médico é outro dos objetivos da conferênci­a, que tem como tema o “O Diagnóstic­o do Erro”. “O objetivo não é falar só do erro do diagnóstic­o, mas avaliar em que circunstân­cia acontece, percebendo de que forma pode ser reduzido”, explica Jorge Brandão Proença, sublinhand­o que a evolução dos recursos tecnológic­os, nomeadamen­te meios auxiliares de diagnóstic­o, não substitui o papel dos médicos na avaliação e o erro é uma realidade irrefutáve­l.

O XI Ciclo de Conferênci­as antecede jornadas científica­s que decorrem até ao dia 24. Em debate estarão temas desde a psicologia à medicina dentária, passando pelas ciências farmacêuti­cas, biomédicas, nutrição e forenses.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologi­a apela, nesta Semana Europeia da Vacinação, à imunização antipneumo­cócica nos adultos. Defende a vacinação numa faixa etária em que a doença se manifesta, sobretudo, sob a forma de pneumonia, matando em média 23 portuguese­s por dia.

Especialis­tas apontam exemplo francês das comissões de conciliaçã­o

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Processos demoram, em média, oito anos a conhecer uma conclusão, numa demora perniciosa para doentes e clínicos

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