Jornal de Notícias

Molhe é um perigo que muitos ignoram

Porto Mesmo quando local está vedado e com o mar agitado, há quem arrisque um passeio no paredão da Foz

- Crisália Azevedo* locais@jn.pt COM HERMANA CRUZ

Todos os dias, mesmo quando o mar está mais agitado, há quem arrisque um passeio no molhe da Foz, no Porto. Apesar de se sucederem os acidentes – neste fim de semana, três turistas russos foram arrastados por uma onda e sofreram ferimentos ligeiros –, os sinais de alerta não travam o arriscado passeio e são muitos os que ignoram as placas e os sinais luminosos a indicar tratar-se de uma zona de perigo. Nos dias de maior agitação marítima, a Polícia Marítima procede à vedação do local com fitas, mas nem essa medida resulta.

“Nós dizemos ‘cuidado, não vá para aí’ e as pessoas não ligam nada. Ainda hoje [ontem] de manhã, um grupo levou ali uma ‘chuveirada’. As pessoas não conhecem o mar e aventuram-se”, contou Pedro Lemos, de 34 anos, pescador.

“Já morreu muita gente aqui. As pessoas não respeitam a sinalizaçã­o e vão lá para a frente. Sem saberem, arriscam a vida”, acrescen- tou António Silva, de 58 anos, também pescador naquela zona “desde que nasceu”.

“O mar está picado e as pessoas aventuram-se. Vêm passear e nunca respeitam a sinalizaçã­o”, disse Jaime Correia, de 58 anos, que costuma passear por ali.

“Isto desviar ser vedado com uma estrutura e não só com fitas, abrindo-se apenas quando o mar está mais calmo”, sustentou, por sua vez, Fernando Silva, de 58 anos.

“Isto não é o rio. Basta o vento virar para o mar ficar revolto. Com o mar não se brinca, nunca se pode estar no limite”, acrescento­u Pedro Lemos.

Ao longo dos anos, são vários os episódios de acidentes, alguns deles com consequênc­ias mortais. O caso mais recente deu-se em novembro do ano passado, quando dois irmãos foram arrastados por uma onda e um deles acabou por morrer. Mas já houve mais situações de quedas ao mar, incluindo de ciclistas que também arriscaram pedalar no molhe com o mar revolto. *

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Ontem à tarde, mesmo com fitas a vedar o espaço, houve quem arriscasse

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