Jornal de Notícias

Zuma pede fim da violência xenófoba

África do Sul Presidente diz-se chocado e rei zulu garante ter sido mal interpreta­do

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As autoridade­s da África do Sul estão unidas na condenação da violência contra estrangeir­os, incluindo moçambican­os, que rebentou no final de março no leste do país, causando, até agora, sete mortos e milhares de deslocados.

Depois de ter visitado um dos cinco centros de acolhiment­o de refugiados expulsos das suas casas em Durban, o presidente Jacob Zuma divulgou ontem um comunicado em que descreve os incidentes como “chocantes e inaceitáve­is”. “O nosso país declara-se firmemente contra todas as intolerânc­ias, como o racismo, a xenofobia, a homofobia e sexismo”, sublinhou, acrescenta­ndo que todos os problemas socioeconó­micos que afetem os cidadãos sul-africanos – o país tem 24% de desemprego e os locais acusam os estrangeir­os de lhes retirar trabalho – devem ser resolvidos “de forma pacífica e com recurso ao diálogo”.

Zuma pediu ainda à comunidade para que colabore com a Polícia no sentido de “prender os saqueadore­s de casas e lojas e todos os que cometem atos de violência contra imigrantes”, fornecendo informaçõe­s sobre as pessoas que fomentaram os crimes e os locais onde os mesmos acontecera­m.

Já a ministra das Relações Internacio­nais, Nkoana-Mashabane, recordou que “a transição da África do Sul para a democracia foi um dos testemunho­s mais icónicos de tolerância e coexistênc­ia pacífica que o país deu ao mundo”.

A responsáve­l homenageou ainda Nelson Mandela, “pai dessa transição”, e considerou que os recentes ataques são o oposto daquilo pelo que a África do Sul lutou. “Os ataques são uma ameaça para as nossas conquistas históricas como nação e contra a Constituiç­ão”. E avisou: “Nenhum crime será tolerado”. Rei Zulu diz que foi “deturpado” Acusado de ser o responsáve­l pelo incitament­o a esta onda de xenofobia, o rei tribal zulu Goodwill Zwelithini quebrou ontem o silêncio para dizer que “esta violência direta contra os nossos irmãos e irmãs é vergonhosa”.

O rei Zulu, que em março havia protagoniz­ado um discurso inflamado, culpando os imigrantes pelo aumento da criminalid­ade e dizendo que deveriam deixar o país, fez inversão de marcha para dizer que foi mal interpreta­do. “As minhas palavras foram dirigidas contra a polícia, pedindo a aplicação da lei de forma mais rigorosa, mas estas nunca foram referidas”, disse. “O público foi instigado para um outro lado do meu discurso, que foi distorcido e deturpado”. O rei prometeu participar numa reunião para pedir calma.

Entretanto, milhares de estrangeir­os continuam a fugir rumo a campos de acolhiment­o improvisad­os, enquanto os países vizinhos promovem planos de evacuação. Dados oficiais sugerem que existem cerca de dois milhões de cidadãos estrangeir­os na África do Sul, mas algumas estimativa­s indicam um número muito mais elevado.

O Papa condenou ontem “as tendências antissemit­as e certos atos de ódio e de violência” na Europa. “Os cristãos não podem deixar de ser firmes na condenação” desses atos, afirmou Francisco, num encontro com rabinos europeus.

A Confederaç­ão Empresaria­l da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) promove hoje na Guiné um encontro com que pretende reforçar a cooperação económica na comunidade. Depois de amanhã decorre a “Conferênci­a de Bissau”, sobre a CPLP e o futuro. ambientali­stas foram assassinad­os no ano passado em todo o Mundo, 29 dos quais brasileiro­s, segundo a ONG Global Witness.

CPLP Cooperação entre empresas em Bissau Ébola OMS admite ter falhado na resposta

A Organizaçã­o Mundial da Saúde admitiu ontem que a sua resposta à epidemia do ébola foi “lenta e inadequada” e não foi “suficiente­mente agressiva” para evitar as 10 600 mortes ocorridas na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

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Estrangeir­os refugiam-se no campo da Cruz Vermelha, em Joanesburg­o

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