Cartas, emails e posts online
Estamos fartos das incongruências, brincadeiras e amnésia dos políticos. As comissões de inquérito, no Parlamento, têm sempre muitos “clientes” para interrogar, mas o vírus do esquecimento é geral. Aliás, até hoje, não percebo qual o papel destas comissões, se, afinal, não têm poder para mandar prender. Enfim... É mais um passatempo que o povo paga. Estamos cansados de tanta novela. pelo corte radical no crédito bancário, faliram ou entraram em incumprimento. Por via das políticas de austeridade sem fim à vista, três milhões de portugueses caíram na zona iníqua do empobrecimento absoluto. A resposta do Governo foi a famigerada frase “saiam da zona de conforto, emigrem”. 300 mil desempregados, sem oportunidades no país que amam e sem dinheiro para alimentar e proteger as suas famílias, fizeram a vontade aos extraordinários e demagógicos apelos, e emigraram. O INE estima que, em fevereiro, o desemprego atingiu a taxa de 14,1%, mas o país real aponta para os 20%, já que largas dezenas de milhares de de-sempregados de longa duração, sem dinheiro para as repetidas viagens, deixaram de frequentar os centros de emprego, cheios de gente, mas vazios de ofertas
Se roubar um pão vai para a prisão; se roubar um milhão o papa-bolo-rei de Boliqueime dá-lhe condecoração”
de trabalho. A teoria da austeridade para enfrentar a crise do “subprime” e das dívidas soberanas foi uma invenção dos monetaristas. Assim, os apóstolos da austeridade colocaram os cidadãos a pagar a gestão fraudulenta do sistema bancário global. Sobre o anúncio feito pela ministra das Finanças de que “os cofres do Estado estão cheios”, não posso ficar indiferente. Tenho que considerá-lo um insulto aos portugueses, trabalhadores e reformados, que foram roubados, nas suas pensões e ordenados, durante esta legislatura. O que se depreende da afirmação da senhora ministra é que não havia necessidade de tanta penalização dos contribuintes, pois, afinal, a bancarrota foi rapidamente sanada. Não havia razões para tanta austeridade e o programa poderia ser mais alongado. A forma como anunciou a boa nova mostra a satisfação que estes políticos têm ao reduzir à pobreza os trabalhadores e proteger o mundo da finança. Ter os cofres cheios, os bancos bem financiados, as grandes empresas protegidas dá-lhes a satisfação do dever cumprido. Mesmo que isso resulte no sacrifício dos mais fracos. É o cinismo político no seu melhor. O princípio da política fascista: cofres cheios, país atrasado e povo à fome. Até na morte o pobre é desprezado. Estava eu, aqui, num café do concelho de Valongo próximo de uma capela mortuária, quando entra um cangalheiro a pedir quatro pessoas para pegar num caixão. É que na capela apenas se encontrava a filha do defunto... Lá fomos nós, para que o falecido fosse sepultado – por mim e pelos meus companheiros, o pobre não foi desprezado. Isto aconteceu no meu país.