Jornal de Notícias

Vamos todos ao Theatro Circo

Sala de Braga começa hoje 365 dias de festejos do seu centenário

- Sandra Freitas cultura@jn.pt

Se estivesse em 1915, e fosse bracarense, hoje aguardava ansiosamen­te para que chegassem as 20.30 horas. Foi a 21 de abril desse ano, e a essa hora, que o Theatro Circo abriu as portas pela primeira vez e se mostrou ao Minho – e ao Mundo. Subiu à cena “A linda opereta ‘Rainha das Rosas’” pela companhia Éden Teatro de Lisboa. “O desempenho foi magistral por toda a companhia”, mas as palmas mais fortes foram dirigidas a Palmira Bastos, a protagonis­ta da noite, lê-se numa notícia da época, no jornal Comércio do Minho. “A assistênci­a foi enorme, enchendo por completo os camarotes, a plateia e as bancadas, onde ficou muita gente de pé, por exceder a lotação. Entre a assistênci­a notavam-se as mais ilustres figuras de Braga e muitas dos concelhos vizinhos e do Porto”, descreveu a Imprensa, que apontava até pormenores do vestuário de quem se estreou no Theatro.

“As senhoras apresentav­am-se ricamente trajadas”. Já os “cavalheiro­s”, lê-se no Co- mércio do Minho, “trajavam, também, em grande número, de gala mais ou menos rigorosa, mas revelando luxo e elegância”. O mesmo luxo com que caracteriz­aram o edifício, naquela noite “feericamen­te iluminado e decorado, oferecia um aspeto deslumbran­te”. A festa não se resumiu, contudo, a uma noite. Foram cinco dias de espetáculo­s a cargo da companhia lisboeta. Depois da “Rainha das Rosas”, subiram ao palco “O Amor de Zíngaros”, “A rainha do Animatogra­fo”, “Maridos Alegres” e “O Burro do Senhor Alcaide”.

A ópera cómica de Franz Lehar, “Amor de Zíngaros”, por exemplo, foi descrita pela imprensa como “um espetáculo que decorreu com o máximo brilhantis­mo”. “O segundo ato é uma maravilha de música, em que o espectador se conserva embalado num sonho”, escreveram os jornalista­s.

Um mês depois, ao teatro sucedeu-se o circo, tendo a Companhia Equestre de W. Frediani residido na nova sala entre 27 de maio e 13 de junho. Depois surge o cinema, com “Aventuras de Catalina”. “Os filmes ali reproduzid­os têm agradado sobremanei­ra”, escreveu o jornal Ecos do Minho. Ao fim de 100 anos, o teatro musical, o circo e o cinema dão lugar, sobretudo, à música, mas também a artes contemporâ­neas e ao pensamento. O centenário arranca com Rodrigo Leão (hoje, 22h; ver programa ao lado), mas ao longo dos próximos cinco dias – tal como aconteceu na inauguraçã­o – está programada mais música, exposições, teatro, leitura e até cortes de cabelo.

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 ??  ?? 1 Na inauguraçã­o centenas de pessoas juntaram-se na Avenida Central e os festejos duraram cinco dias.
2 e 3 Salas interiores eram ricamente decoradas no projeto original do arquiteto Almeida D’Eça.
4 Sala principal tinha capacidade para 1500 pessoas.
1 Na inauguraçã­o centenas de pessoas juntaram-se na Avenida Central e os festejos duraram cinco dias. 2 e 3 Salas interiores eram ricamente decoradas no projeto original do arquiteto Almeida D’Eça. 4 Sala principal tinha capacidade para 1500 pessoas.
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