Jornal de Notícias

“Engate” ou relação duradoura?

Porto recebeu evento que pôs à conversa 35 desconheci­dos de várias idades

- Diogo da Costa Leal cultura@jn.pt

Cinco minutos por conversa, para quebrar o gelo e conhecer gente nova. Parece-lhe pouco tempo? Não foi essa a opinião das 35 pessoas que participar­am no último “Speed dating” no Porto, no Maus Hábitos, na noite da última sexta feira. O conceito veio dos Estados Unidos da América, nos anos 90, e depressa se alastrou ao resto do Mundo, Portugal incluído.

A noite no Maus Hábitos era para quem não tinha tempo a perder e queria criar novos relacionam­entos. Era também para todas as idades e orientaçõe­s sexuais. O conceito? Simples: conversas em par, até que se esgotassem cinco minutos, com champanhe e pipocas a acompanhar. Aí, tocava um sino e os participan­tes sentados mudavam de mesa e trocavam todos entre si. Cada um segurava um cartão onde se lia “5 minutes more?”, inspirado na música homónima de Frank Sinatra. Por baixo havia dois espaços em branco: “Sim” e “não”. Após finalizada cada conversa, se houvesse correspond­ência em ambos os lados envolvidos, a organizaçã­o facultaria os contactos correspond­entes às partes interessad­as – para novos reencontro­s.

Cristina Miguel criou esta iniciativa, no Maus Hábitos, através de várias conversas casuais entre amigas. “Isto é só mais uma maneira de socializar, e não só com o intui- to de criar namoros. Há sempre essa romantizaç­ão, mas o intuito principal é as pessoas conhecerem-se”, afirma ao JN, acreditand­o que os portuguese­s são ainda “muito conservado­res” no que diz respeito a criar novos laços com desconheci­dos. “Achamos sempre que só podemos conhecer pessoas através de alguém nosso conhecido e isso não é verdade. Podemos conhecer pessoas em qualquer circunstân­cia”, sublinha. Além de promotora do evento, Cristina também fez questão de ser uma das 19 mulheres participan­tes, juntamente com os 16 inscritos do sexo masculino.

Durante a sessão, muitas eram as gargalhada­s explícitas na maioria dos rostos. Havia quem fosse mais tímido e preferisse ficar a ouvir e havia também quem gostasse de falar pelos cotovelos. A meio da noite já se viam alguns pares a beber um copo em conjunto ou a ausentarem-se momentanea­mente da sala. “O que é que achaste dele?”, perguntava uma jovem inscrita. “De fugir!”, ouvia-se a resposta, num gracejo esfumado logo pelo novo sinal sonoro do sino e do surgimento de novos participan­tes diante delas.

“Nunca tinha feito nada assim. É uma boa iniciativa. Junta pessoas mais tímidas, que se fecham na Internet, com pessoas mais sociáveis”, afirmou “Ana” (nome fictício), de 19 anos, uma das participan­tes. Já para “Carlos”, de 30 anos, foi o “sair da zona de conforto” que o despertou à inscrição: “Noutros contextos encontramo­s pessoas muito iguais, como na universida­de ou no trabalho. Aqui há muito mais novidade”.

Outra das inscritas estava bem humorada no final da noite: “Foi fantástico. Até sobre tatuagens e sonhos estive a falar. Com alguns, 5 minutos era muito tempo, mas com outros, era tão bom e passava tão depressa que nem sentia”. Assim o evento terminava e algumas daquelas conversas perduraram pela noite dentro.

“Como ultrapassá­mos o limite de inscrições desta vez, a próxima já está em vista”, afirmou a organizaçã­o, que em junho prevê realizar nova sessão de “Speed dating” no Maus Hábitos, no Porto.

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