Lopetegui e Jesus sem castigo
Relatório do delegado ao jogo descreve o incidente entre os treinadores do F. C. Porto e do Benfica, mas não refere o conteúdo da discussão
Julen Lopetegui e Jorge Jesus devem escapar a uma suspensão, na sequência da calorosa discussão após o clássico entre o Benfica e o F. C. Porto, quando as duas equipas rumavam aos balneários. Segundo apurou o JN, o incidente consta no relatório do árbitro e do delegado ao jogo, mas o teor da conversa entre os dois treinadores não está reproduzido. Mesmo assim, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol vai analisar, hoje, os documentos e deverá advertir os dois técnicos, podendo até multá-los, no limite, se considerar a existência de comportamento antidesportivo.
Segundo apurou o nosso jornal, o delegado do jogo não conseguiu perceber o conteúdo do diálogo por causa do barulho que se fazia sentir no estádio, nem viu qualquer indício de violência entre os dois treinadores, apesar de ter assistido à discussão calorosa, que motivou uma rápida intervenção do staff dos dois clubes. Mesmo que Lopetegui tenha esperado por Jesus à boca do túnel, o incidente ficou sanado no relvado, pois ambos nem sequer se cruzaram no interior do estádio.
Com o escreveu, ontem, o JN, a altercação surgiu porque Jorge Jesus tem pronunciado mal o nome do treinador do F. C. Porto, chamando-o de “Lotopegui” nas conferências de Imprensa. Quando o técnico basco se aproximou do rival para a tradicional saudação de final do jogo, terá expressado a sua insatisfação pelo constante erro. Questionou Jorge Jesus se sabia corretamente o seu nome, o técnico do Benfica disse que sim, mas terá, outra vez, pronunciado mal. Gerou-se uma discussão que só terminou com uma rápida intervenção para o confronto verbal não ter repercussões físicas. Lopetegui também reagiu assim, porque entende que o treinador do Benfica tem sido protegido ao longo do campeonato.
No balneário, Jesus desvalorizou o incidente junto dos jogadores e da própria estrutura do clube. Até enalteceu a frontalidade e a coragem do treinador do F. C. Porto, que o afrontou em pleno Estádio da Luz e num clima muito adverso. Daí que tenha mostrado uma postura compreensiva na sala de Imprensa, quando foi questionado sobre o teor da discussão protagonizada no final do clássico. “O que se passou é normal. Só quem não jogou futebol é que não percebe. É a adrenalina de um jogo que acabou, bate boca daqui, bate boca dali. Segue para bingo”, afirmou o treinador das águias, após o nulo com o F. C. Porto, que deixa o Benfica a nove pontos da conquista do bicampeonato.
Agora, cabe ao Conselho de Disciplina analisar o relatório do árbitro Jorge Sousa e do delegado ao jogo, mas este incidente não deve, em princípio, implicar qualquer suspensão para os treinadores dos dois rivais.
Barulho do estádio impediu que a conversa fosse ouvida