Jornal de Notícias

Greves na TAP já deram prejuízo de 343 milhões

Transporta­dora calcula prejuízos das paralisaçõ­es desde 2007. Protesto nos primeiros dez dias de maio deverá ter o maior impacto: 70 milhões

- Rafaela Burd Relvas rafaela.relvas@dinheirovi­vo.pt

Desde 2007, os trabalhado­res da TAP cumpriram 55 dias de greve, segundo os registos enviados pela companhia aérea ao JN/Dinheiro Vivo. Com um impacto a rondar os 70 milhões de euros, a greve marcada para os primeiros dez dias de maio será, pelas contas da TAP, aquela que irá gerar maiores perdas para a transporta­dora aérea. Mas, só em 2014, houve 22 greves com impacto sobre a operação da transporta­dora (incluindo greves de outras entidades, como os controlado­res aéreos), 12 das quais foram dentro do Grupo TAP, o que represento­u uma perda total de 108 milhões de euros. Assumindo que cada dia de greve representa perdas de 5 milhões de euros – embora a TAP ressalve que há períodos em que o impacto poderá ser maior – e somando os dias de paralisaçã­o desde 2007, a companhia aérea terá perdido, ao todo, 343 milhões milhões de euros, sem contar com as greves fora do grupo que também afetaram a operação.

Já no final desta semana, cumpre-se novo período de greve, desta vez marcada pelo Sindicato dos Pilotos. Ainda na sexta-feira, Fernando Pinto dizia acreditar que a greve de 10 dias seria desconvoca­da. Ontem, depois de terem sido “retiradas da mesa” todas as soluções que foram propostas aos pilotos, o presidente executivo da TAP deu por finalizado o processo de negociaçõe­s com os pilotos e reconheceu que as suas “energias já estão voltadas para a operação em período de greve”. Ainda assim, está confiante em que a companhia aérea será capaz de cumprir mais do que os serviços mínimos decretados pelo Tribunal Arbitral.

“Temos a certeza de que temos

TAP acredita que será capaz de cumprir mais do que os serviços mínimos decretados

muitos pilotos sensibiliz­ados, que irão pensar no cliente e na empresa e que irão voar” nos dias de greve, disse o responsáve­l, adiantando que a companhia já tem, aliás, “confirmaçõ­es por parte de pilotos que irão fazer isso”.

Perante estas confirmaçõ­es, o presidente da TAP acredita que será possível cumprir mais do que os voos considerad­os imprescind­íveis pelo Tribunal Arbitral, e que abrangem 10% dos cerca de 350 mil passageiro­s com viagens marcadas entre 1 e 10 de maio.

Do lado dos pilotos, Luís Rosendo, porta-voz do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), limitouse a dizer que, “ao contrário da TAP e do Governo, nós cumprimos o que os tribunais mandam”, pelo que os serviços mínimos serão cumpridos.

Serviços mínimos

O tribunal do Conselho Económico e Social decretou ontem que terão de ser assegurado­s voos de e para as regiões autónomas, Angola, Moçambique, Brasil França, Luxemburgo, Reino Unido, Suíça, Alemanha, Bélgica e Itália. Uma decisão que deixou a TAP “desiludida”, já que ficaram de fora destinos como Venezuela, Colômbia e alguns países africanos de língua portuguesa, para onde só a companhia aérea voa a partir de Portugal. Além disso, a decisão não tem em conta que há destinos que têm uma comunidade de emigrantes portuguese­s muito maior do que outros.

Independen­temente dos serviços mínimos decretados, a administra­ção da empresa continua a estimar um impacto de 5 a 6 milhões de euros por dia com esta greve, o que, somando à “dificuldad­e que há em recuperar os mercados nos dias seguintes”, totaliza um prejuízo que ronda os tais 70 milhões de euros.

E há ainda que contar com o impacto que a greve terá na economia, como lembrou o ministro da Economia. “Os serviços mínimos não permitem, nem pouco mais ou menos, aligeirar o impacto para a economia portuguesa de uma greve com estas caracterís­ticas”, disse ontem Pires de Lima. Na conferênci­a de imprensa de ontem, o presidente da TAP voltou a reforçar o impacto de uma greve desta dimensão na privatizaç­ão: “Não tivemos notícia da desistênci­a de qualquer dos candidatos, mas é claro que isto prejudica o processo e retira confiança aos investidor­es”.

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