Jornal de Notícias

Vespa pode atacar 70% da produção da castanha

Produtores transmonta­nos detetam praga na maior região produtora do país. Devastação pode acontecer em três ou quatro anos

- Sandra Borges * locais@jn.pt EDUARDO PINTO

vespa do castanheir­o foi detetada em Trás-os-Montes, a região com maior produção de castanha no país, e os produtores estão preocupado­s com os efeitos da dispersão da praga. “Se não fizermos nada, a redução da produção em Trás-os-Montes, em três a quatros anos, pode atingir os 70%”, afirma o presidente da Associação Nacional da Castanha (RefCast), José Laranjo.

Depois do primeiro caso detetado no ano passado em Barcelos, a Direção Regional de Agricultur­a e Pescas do Norte já confirmou um foco da vespa do castanheir­o em Carrazedo de Montenegro, Valpaços, e uma suspeita na zona de Bragança. A RefCast reuniu ontem, em Vila Real, para preparar uma estratégia de ação para colocar no terreno “já no próximo mês”.

José Laranjo defende que “têm de ser os produtores a ver se os castanheir­os estão infestados e a atuar no caso de haver alguma deteção, ou seja, devem tirar as galhas, limpar os castanheir­os por baixo e destruir essas partes”.

O foco surgiu em plantações novas feitas no último inverno, com castanheir­os híbridos importados. “São plantas que não têm passaporte­s fitossanit­ários e que, infelizmen­te, estão infetadas na sua maioria”, lamentou. Ilídio Lucas, um dos produtores presentes na reunião, defendeu que é preciso “estar atento” e ter a preocupaçã­o de “comprar plantas em viveiros certificad­os e com passaporte fitossanit­ário, que é uma garantia que não tem doença”.

Proximidad­e do foco

Dinis Pereira, produtor de S. João da Corveira, Valpaços, está preocupado com a proximidad­e do foco já confirmado. “Plantei árvores novas certificad­as e controlada­s, mas isso pode não me servir de nada porque o inseto não escolhe delimitaçõ­es de propriedad­es”, lamentou.

A vespa do castanheir­o entrou na Europa, em 2002, através de Itália, onde a estratégia que tem alcançado melhores resultados é a luta biológica com o parasita Torymus sinensis, uma mosca chinesa que limita a sua dispersão.

O presidente da RefCast chamou a atenção para a gravidade da curva de cresciment­o da vespa. “Cada vespa que sair de um gomo destes castanheir­os infesta 100 outros gomos”, alertou. A produção anual de castanha na região transmonta­na ronda os 50 a 60 milhões de euros, o que representa 80% do total nacional. com

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Castanheir­o já infetado, com galhas (inchaços) provocados pelas vespas

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