Vespa pode atacar 70% da produção da castanha
Produtores transmontanos detetam praga na maior região produtora do país. Devastação pode acontecer em três ou quatro anos
vespa do castanheiro foi detetada em Trás-os-Montes, a região com maior produção de castanha no país, e os produtores estão preocupados com os efeitos da dispersão da praga. “Se não fizermos nada, a redução da produção em Trás-os-Montes, em três a quatros anos, pode atingir os 70%”, afirma o presidente da Associação Nacional da Castanha (RefCast), José Laranjo.
Depois do primeiro caso detetado no ano passado em Barcelos, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte já confirmou um foco da vespa do castanheiro em Carrazedo de Montenegro, Valpaços, e uma suspeita na zona de Bragança. A RefCast reuniu ontem, em Vila Real, para preparar uma estratégia de ação para colocar no terreno “já no próximo mês”.
José Laranjo defende que “têm de ser os produtores a ver se os castanheiros estão infestados e a atuar no caso de haver alguma deteção, ou seja, devem tirar as galhas, limpar os castanheiros por baixo e destruir essas partes”.
O foco surgiu em plantações novas feitas no último inverno, com castanheiros híbridos importados. “São plantas que não têm passaportes fitossanitários e que, infelizmente, estão infetadas na sua maioria”, lamentou. Ilídio Lucas, um dos produtores presentes na reunião, defendeu que é preciso “estar atento” e ter a preocupação de “comprar plantas em viveiros certificados e com passaporte fitossanitário, que é uma garantia que não tem doença”.
Proximidade do foco
Dinis Pereira, produtor de S. João da Corveira, Valpaços, está preocupado com a proximidade do foco já confirmado. “Plantei árvores novas certificadas e controladas, mas isso pode não me servir de nada porque o inseto não escolhe delimitações de propriedades”, lamentou.
A vespa do castanheiro entrou na Europa, em 2002, através de Itália, onde a estratégia que tem alcançado melhores resultados é a luta biológica com o parasita Torymus sinensis, uma mosca chinesa que limita a sua dispersão.
O presidente da RefCast chamou a atenção para a gravidade da curva de crescimento da vespa. “Cada vespa que sair de um gomo destes castanheiros infesta 100 outros gomos”, alertou. A produção anual de castanha na região transmontana ronda os 50 a 60 milhões de euros, o que representa 80% do total nacional. com