Gatos presos com correntes nas varandas
Cinco meses após tomar posse como provedora do animal, Inês Sousa Real diz que as pessoas a questionam sobretudo sobre nova lei de maus-tratos
Inês Sousa Real, uma jurista de 34 anos, é desde novembro a provedora do animal na Câmara Municipal de Lisboa. Denunciar situações extremas como cães e gatos acorrentados em varandas, proteger os pombos, ou cuidar das colónias de gatos são algumas das apostas que assume.
“Lisboa é pioneira neste caso, porque não só criou um provedor, como a própria missão que lhe é confiada não existe em mais parte nenhuma do Mundo”, diz, em jeito de apresentação. E sublinha que a sua missão é “única e exclusivamente de zelar e proteger os legítimos interesses dos animais”.
Por casualidade, começou a desempenhar o cargo na altura em que entrou em vigor a nova lei que criminaliza os maus-tratos a animais. Daí que a sua principal tarefa seja de esclarecer dúvidas. “As pessoas, individualmente, ou as próprias instituições questionam-me sobre casos de vizinhos que, pela sua forma de tratar os animais, podem ou não ser configurados como maus-tratos”, exemplifica.
Para Inês Sousa Real, a nova lei despertou a consciência da sociedade em geral. Daí, o “boom” de queixas desde que a mesma entrou em vigor. No caso de Lisboa, algumas das denúncias revelaram situações de extrema gravidade, como cães e gatos presos por correntes. “O exemplo do gato acorrentado é paradigmático. É um animal que está habituado a brincar, a trepar, a correr. Facilmente pode ficar enforcado. E há uma lei que diz claramente que são proibidas as situações que ponham em perigo a vida dos animais”, destaca.
Pombais contracetivos
Outra das polémicas que muitas vezes é referida tem a ver com os pombos. “Hoje, são vistos como um animal sujo ou transmissor de doenças, mas fazem parte da história de Lisboa”, observa. A aposta neste caso pode passar por pombais contracetivos. “Os ovos são substituídos por ovos artificiais e é-lhes dado milho contracetivo”, explica, acrescentando que este modelo funciona com êxito em cidades como Barcelona e Paris.
Apesar de tudo, a provedora considera que “Lisboa é uma cidade amiga dos animais”.