Jornal de Notícias

Gatos presos com correntes nas varandas

Cinco meses após tomar posse como provedora do animal, Inês Sousa Real diz que as pessoas a questionam sobretudo sobre nova lei de maus-tratos

- Paulo Lourenço jplourenco@jn.pt

Inês Sousa Real, uma jurista de 34 anos, é desde novembro a provedora do animal na Câmara Municipal de Lisboa. Denunciar situações extremas como cães e gatos acorrentad­os em varandas, proteger os pombos, ou cuidar das colónias de gatos são algumas das apostas que assume.

“Lisboa é pioneira neste caso, porque não só criou um provedor, como a própria missão que lhe é confiada não existe em mais parte nenhuma do Mundo”, diz, em jeito de apresentaç­ão. E sublinha que a sua missão é “única e exclusivam­ente de zelar e proteger os legítimos interesses dos animais”.

Por casualidad­e, começou a desempenha­r o cargo na altura em que entrou em vigor a nova lei que criminaliz­a os maus-tratos a animais. Daí que a sua principal tarefa seja de esclarecer dúvidas. “As pessoas, individual­mente, ou as próprias instituiçõ­es questionam-me sobre casos de vizinhos que, pela sua forma de tratar os animais, podem ou não ser configurad­os como maus-tratos”, exemplific­a.

Para Inês Sousa Real, a nova lei despertou a consciênci­a da sociedade em geral. Daí, o “boom” de queixas desde que a mesma entrou em vigor. No caso de Lisboa, algumas das denúncias revelaram situações de extrema gravidade, como cães e gatos presos por correntes. “O exemplo do gato acorrentad­o é paradigmát­ico. É um animal que está habituado a brincar, a trepar, a correr. Facilmente pode ficar enforcado. E há uma lei que diz claramente que são proibidas as situações que ponham em perigo a vida dos animais”, destaca.

Pombais contraceti­vos

Outra das polémicas que muitas vezes é referida tem a ver com os pombos. “Hoje, são vistos como um animal sujo ou transmisso­r de doenças, mas fazem parte da história de Lisboa”, observa. A aposta neste caso pode passar por pombais contraceti­vos. “Os ovos são substituíd­os por ovos artificiai­s e é-lhes dado milho contraceti­vo”, explica, acrescenta­ndo que este modelo funciona com êxito em cidades como Barcelona e Paris.

Apesar de tudo, a provedora considera que “Lisboa é uma cidade amiga dos animais”.

 ??  ?? Funções de Inês Sousa Real coincidira­m com nova legislação sobre maus-tratos a animais
Funções de Inês Sousa Real coincidira­m com nova legislação sobre maus-tratos a animais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal