Jornal de Notícias

Teorias da conspiraçã­o numa sombra dos tempos gloriosos

- PEDRO OLAVO SIMÕES

“Bem vestida e petulante”, “a rapariguin­ha do shopping”, se hoje descer “pela escada rolante com uma revista de bordados”, será um múltiplo contrassen­so. Porque de rapariguin­ha nada terá, essa ficou no tempo em que Rui Veloso e Carlos Tê puseram o Brasília no imaginário do país, e porque o centro é menos do que sombra dos anos dourados, quando nada mais do género havia no Porto. Lojas vazias muitas, pouco frequentad­as muitas outras. Proprietár­ios dos velhos tempos, alguns. Herdeiros interessad­os em vender, bastantes. Aí entronca a teoria da conspiraçã­o ouvida a lojistas, que falam à boca pequena e pedem reserva de identidade. Surgir alguém interessad­o em comprar tudo aquilo será, para

Lojistas dizem estar habituados a boatos e sugerem que o comprador-mistério pode não existir

os que querem vender as suas frações e não conseguem, uma ansiada salvação. E há quem lembre que esta poderá ser uma forma de a administra­ção do condomínio conquistar simpatizan­tes, pois haverá eleições brevemente. Há muitos anos movendo-se no meio de rumores, boatos e outras fantasias, os lojistas que ouvimos, regra geral, duvidam que o comprador misterioso exista mesmo, notando até que, como basta que um ou outro não venda, é fácil o negócio cair por terra e o benemérito nem chegar a dar a cara. É que nem tudo ali são pequenos comerciant­es. Também a Caixa Geral de Depósitos ou a PT, por exemplo, estão no pacote.

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