“Roubou-me, mas era meu filho”
Porto Mãe da vítima da Pensão Serrano pede castigo pesado para o homicida
Moreira, 77 anos, quer que o responsável pela morte do filho, Joaquim Pereira, assassinado com 34 facadas e cujo corpo foi deixado cinco meses num guarda-fatos da Pensão Serrano, na Rua do Loureiro, no Porto, fique para sempre na cadeia. Sem ver o filho há anos, não reconheceu na morgue os seus restos mortais, mas forneceu a amostra de ADN que permitiu às autoridades identificá-lo.
Residente em Gaia e sem coragem para assistir ao julgamento do antigo gerente da pensão acusado do crime, ainda está incrédula com o destino do filho, de 54 anos, embora soubesse que ele levava uma vida marginal. “Nunca mais devia sair da cadeia. Podia dever algum dinheiro, mas ninguém merece o que lhe foi feito. Não quero ver o homem que o matou e o abandonou tanto tempo e o deixou apodrecer num armário”, diz Noémia Moreira, que há muitos anos não via o filho.
O homicida confesso, Fernando Alves, está a ser julgado por ter matado o inquilino que lhe devia 750 euros de renda. Só passados cinco meses, em setembro do ano passado, é que decidiu mudar o corpo de local, por precisar do quarto. Colocou os restos mortais dentro de um saco de plástico e arrastou-o para uma arrecadação, onde acabaria por ser descoberto pelos novos inquilinos.
O corpo foi logo identificado informalmente pelos inspetores da PJ, graças ao depoimento do gerente e também aos documentos encontrados junto dos restos mortais.
Mas só há poucos meses é que a PJ conseguiu localizar a mãe para que esta se submetesse a um teste de ADN. “Fui à Medicina Legal, depois de uns simpáticos inspetores me terem contado o que tinha acontecido. Fiquei muito chocada, mas tinha de fazer o que era preciso para que o meu filho fosse reconhecido. Ele andou na má vida, com más companhias desde os 20 anos. Chegou a roubar-me, mas era meu filho”, desabafa Noémia
Moreira.