Jornal de Notícias

“Podíamos ficar com 354 milhões mas não quisemos”

Sérgio Monteiro Secretário de Estado dos Transporte­s sublinha opção pela recapitali­zação da TAP, ficando o Estado com apenas 10 milhões

- Ana Margarida Pinheiro ana.pinheiro@dinheirovi­vo.pt

O que ajudou a diferencia­r a proposta vencedora da concorrent­e?

O fator mais diferencia­dor foi o montante e o momento no tempo associado à capitaliza­ção. Para além disso, o projeto estratégic­o mereceu uma preferênci­a de todos os assessores, especialme­nte da TAP, em relação a este projeto estratégic­o.

Quatro meses de legislatur­a chegam para fechar o processo?

O processo não depende só de nós e há um conjunto de entidades externas que serão envolvidas para dar o seu acordo a este contrato. Acreditamo­s que esta é a melhor solução e eu acredito que o PS possa rever a sua posição e manter o contrato como está. Da nossa parte, asseguramo­s o essencial da TAP, que é a importânci­a para o país.

Portanto não se arrepende de não ter vendido a TAP em 2012?

Há dois anos, não havia condições para vender a TAP. Esta proposta estava em condições de merecer o acordo do Governo e a proposta de 2012 não estava.

No início do ano, a TAP valia mais do que há dois anos, mas hoje não. O que aconteceu?

É uma conjugação de efeitos, o mercado não ajuda, a concorrênc­ia é mais intensa e a TAP não tem os mesmos instrument­os – não tem capital – para fazer face a essa concorrênc­ia. Mas a greve teve um efeito devastador em termos de perceção de fiabilidad­e do serviço. Teve efeitos diretos e indiretos. Por isso, uma parte do valor que vai entrar na empresa depende da capacidade de criar valor em 2015.

Há muitos receios de que a TAP se torne numa subsidiári­a de uma companhia mais pequena. Esta fragilidad­e financeira não pode conduzir a isso?

A TAP do ponto de vista do volume de negócios é maior do que a empresa que um dos membros do agrupament­o [David Neeleman] detém no Brasil, neste caso a Azul. Quando uma empresa maior entra num grupo tem competênci­as que não a fazem tornar-se numa subsidiári­a. Antes pelo contrário, fazemna ganhar um peso maior e planear sinergias.

Mas foi vendida pelo valor da asa de um avião e tem vários aviões. Os ativos não contam?

Não vendemos a TAP por 10 milhões, vendemos por muito mais. A TAP tem hoje um capital negativo de 512 milhões de euros; e nós vendemos por 10 milhões 61% do capital. Não só compensamo­s, como acrescenta­mos valor. E a isso acrescenta­mos capital para a empresa. Depois, temos a opção de, se a performanc­e correr bem, vir a receber até 140 milhões de euros. É importante dizer que podíamos ficar com os 354 milhões. E nós quisemos que eles fossem injetados na companhia em nome do seu desenvolvi­mento. É a este somatório que atribuímos valor.

A TAP vai manter-se como a conhecemos?

A nossa expectativ­a é que se mantenha e até haja um reforço da posição da TAP enquanto empresa portuguesa, até porque o maior acionista do grupo que compra a companhia é português [Humberto Pedrosa, do Grupo Barraqueir­o].

Quando será assinado o contrato?

Esperamos que seja em breve, dentro das próximas semanas, e idealmente ainda no mês de junho. É o passo mais importante a dar.

Que garantias foram dadas em relação à dívida?

O Estado ainda é acionista e, por isso, tem todo o interesse em que a maturidade seja estendida para que o dinheiro entre para capitaliza­r e não para pagar dívida vencida ou a vencer. O que há é um acordo para que a dívida seja renegociad­a antes da transferên­cia das ações para o atual acionista.

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Sérgio Monteiro diz que a dívida da TAP deverá ser renegociad­a antes da venda

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