Jornal de Notícias

Colonoscop­ias podem sofrer atrasos no Norte

Saúde Médicos alertam que enorme espera nos exames em Lisboa e no Sul irá alastrar-se ao resto do país

- Nuno Miguel Ropio sociedade@jn.pt

Passado mais de um ano sobre a denúncia dos enormes atrasos na realização de colonoscop­ias na Grande Lisboa, a demora para realizar tais exames continua a ser uma realidade e os gastrenter­ologistas alertam que o cenário pode alastrar-se ao Norte do país – onde não se verificam estes problemas.

Perante as centenas de utentes que se têm acumulado junto do Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa, nos últimos dias, para conseguire­m marcar uma colonoscop­ia com sedação compartici­pada pelo Serviço Nacional de Saúde, a Sociedade Portuguesa de Gastrenter­ologia (SPG) critica o Ministério da Saúde por “não resolver o problema que afeta essencialm­ente essa região” e preparar-se para “dispersar os erros a nível nacional, nomeadamen­te para regiões onde eles não existem”.

“Os Serviços Partilhado­s do Ministério da Saúde lançaram um concurso, terminado na última terça-feira, para aumentar a rede nacional de prestadore­s com convenção com o Estado. Agora, estamos na fase da leilão de preços, onde o Estado impõe valores que vai provocar o afastament­o dos privados”, disse ao JN José Cotter, eleito ontem presidente da SPG.

“Trata-se de uma enorme insensatez do Ministério da Saúde. Se quer fazer uma experiênci­a-piloto, que a faça onde as coisas correm mal: Lisboa. É aí que os serviços convencion­ados não necessitam do SNS, porque há recurso a muitos subsistema­s (seguros de saúde). No Norte, a situação vai piorar”, alertou aquele médico, cujas críticas são subscritas pelo presidente da Associação Portuguesa de Hospitaliz­ação Privada, Artur Osório. “O Estado impõe aos privados preços artificiai­s. O privado recebe 150 euros por um exame com sedação, pelo qual o SNS paga 400 euros aos hospitais públicos”, denunciou.

Ao JN, fonte da Administra­ção Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo recusou explicar o cenário no Hospital da Ordem Terceira, mas garantiu que hoje “quase todos os utentes pretendem realizar o exame sob anestesia”, o que pode acarretar “perdas de tempo”. E que este organismo “tem convenção com 20 entidades” da região. Porém, a Europacolo­n-Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo garante que continua a ajudar a reencaminh­ar utentes para outras regiões, perante o ausência de respostas por parte das entidades convencion­adas.

Apesar de contactado, o Ministério da Saúde não esteve disponível para explicar os atrasos excessivos na marcação destes exames.

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Fila de utentes para marcação de exames ao cólon tem sido recorrente no Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa

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