Colonoscopias podem sofrer atrasos no Norte
Saúde Médicos alertam que enorme espera nos exames em Lisboa e no Sul irá alastrar-se ao resto do país
Passado mais de um ano sobre a denúncia dos enormes atrasos na realização de colonoscopias na Grande Lisboa, a demora para realizar tais exames continua a ser uma realidade e os gastrenterologistas alertam que o cenário pode alastrar-se ao Norte do país – onde não se verificam estes problemas.
Perante as centenas de utentes que se têm acumulado junto do Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa, nos últimos dias, para conseguirem marcar uma colonoscopia com sedação comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) critica o Ministério da Saúde por “não resolver o problema que afeta essencialmente essa região” e preparar-se para “dispersar os erros a nível nacional, nomeadamente para regiões onde eles não existem”.
“Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde lançaram um concurso, terminado na última terça-feira, para aumentar a rede nacional de prestadores com convenção com o Estado. Agora, estamos na fase da leilão de preços, onde o Estado impõe valores que vai provocar o afastamento dos privados”, disse ao JN José Cotter, eleito ontem presidente da SPG.
“Trata-se de uma enorme insensatez do Ministério da Saúde. Se quer fazer uma experiência-piloto, que a faça onde as coisas correm mal: Lisboa. É aí que os serviços convencionados não necessitam do SNS, porque há recurso a muitos subsistemas (seguros de saúde). No Norte, a situação vai piorar”, alertou aquele médico, cujas críticas são subscritas pelo presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Artur Osório. “O Estado impõe aos privados preços artificiais. O privado recebe 150 euros por um exame com sedação, pelo qual o SNS paga 400 euros aos hospitais públicos”, denunciou.
Ao JN, fonte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo recusou explicar o cenário no Hospital da Ordem Terceira, mas garantiu que hoje “quase todos os utentes pretendem realizar o exame sob anestesia”, o que pode acarretar “perdas de tempo”. E que este organismo “tem convenção com 20 entidades” da região. Porém, a Europacolon-Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo garante que continua a ajudar a reencaminhar utentes para outras regiões, perante o ausência de respostas por parte das entidades convencionadas.
Apesar de contactado, o Ministério da Saúde não esteve disponível para explicar os atrasos excessivos na marcação destes exames.