Saiu com 70 munições para matar amigo e suicidar-se
Oeiras Ex-paraquedistas conheciam-se desde a tropa e há dias almoçaram juntos. Crime em plena rua surpreendeu moradores e amigos
Um homem de 70 anos matou, cerca das 7.15 horas de ontem, um amigo de 67 anos, em plena rua, com dois tiros. Um no peito, outro na nuca. De seguida, disparou sobre si próprio e acabou por falecer a escassos metros da vítima, de quem era amigo há mais de 40 anos. Ciúmes, dívidas ou ajuste de contas são algumas das teorias populares para explicar o homicídio e o suicídio na Rua Luís de Camões, em Algés, Oeiras. A Polícia Judiciária está a investigar o caso.
Afonso Pires, de 70 anos, terá saído de sua casa, em Carnaxide, com 70 munições. Dirigiu-se até à porta do prédio onde residia Sílvio Garrido e, à saída deste, disparou dois tiros à queima-roupa, matando-se de seguida. “Não encontro explicação para isto. Eles eram amigos. Ainda há dias, tinham almoçado juntos, aqui a 100 metros do quartel”, contou, ao JN, Carlos Jaime, comandante dos Bombeiros Voluntários de Algés.
Ex-paraquedista, Sílvio Garrido – cunhado do juiz Sérgio Abrantes Mendes, antigo candidato à presidência do Sporting – pertencia ao quadro de honra daquela corporação e estava atualmente reformado. Ainda assim, trabalhava como motorista particular, transportando duas crianças à escola. Era o que estaria a preparar-se para fazer, ontem, quando saiu de casa.
O alegado autor do crime, Afonso Pires, também ex-paraquedista, trabalhou como taxista e foi guarda prisional durante alguns anos. Era casado e vivia com a mulher em Carnaxide. Em Algés, onde ocorreu o crime, não era conhecido. Já Sílvio Garrido é descrito pelos vizinhos como um “homem muito educado e pacato”, que falava bem com toda a gente.
“É tudo especulação”
Entre os testemunhos na rua, alguns falavam de “ciúmes” na origem do crime ou de uma dívida. Versões que Carlos Jaime contraria, veementemente. “Não acredito nisso. O Sílvio tinha uma vida financeira estável e não teria nenhum relacionamento com ninguém próximo do Pires. Eles eram amigos, estavam juntos frequentemente ”, garante o comandante dos Voluntários do Dafundo, incrédulo com o sucedido. “Tudo o que possam dizer é especulação. O único que poderia explicar o que se passou já cá não está”, remata.
À hora a que o crime ocorreu, eram poucos os que circulavam pela rua. “Ouvi o barulho, mas nunca pensei que fossem tiros. Quando soube o que aconteceu, fiquei sem pinga de sangue”, contou ao JN uma vizinha, que preferiu o anonimato.
A Polícia Judiciária esteve no local a recolher vestígios e está agora a investigar as causas que estarão na origem da tragédia.