Mulheres ganham menos 142 euros que os homens
Emprego Fosso mantém-se. Quanto mais qualificações, maiores as desigualdades
Os trabalhadores homens ganham, em média, 900 euros líquidos por mês, mais 142 euros do que as mulheres (que levam para casa cerca de 758 euros). Os valores dizem respeito ao segundo trimestre deste ano, incluindo toda a população empregada (por conta de outrem e conta própria), e foram divulgados na quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A discrepância salarial entre sexos aliviou de forma muito ténue ao longo dos últimos anos e tornou a aumentar no trimestre em causa.
Os homens reforçaram o rendimento médio mensal líquido (já depois de descontos e impostos) em cerca de quatro euros face aos primeiros três meses do ano; as mulheres perderam um euro.
O salário médio na economia melhorou assim um euro. Está agora em cerca de 825 euros. Em termos homólogos, há progressos. A remuneração aumentou 1,6%. Nos homens, a subida foi 0,9% e nas mulheres de 2,4%.
Os anos do ajustamento e da crise não trouxeram uma mudança estrutural ou profunda na discre- pância entre géneros. Nem nos salários, nem nos níveis de precariedade. As mulheres continuam a carregar o ónus da diferença.
Pior: numa análise por profissão, as mulheres estão sempre em desvantagem. E quanto mais qualificadas ou bem pagas são as profissões, menos elas ganham face a eles.
À exceção das carreiras militares (Forças Armadas), onde o predomínio dos homens é esmagador e a diferença salarial atinge 43% a favor deles, o INE mostra o seguinte: nos “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores”, o grupo mais bem pago da economia, os homens ganham 1595 euros em média e as mulheres 1406. A discrepância chega a 13%.
Pior ainda no grupo de “especialistas das atividades intelectuais e científicas”, onde estão médicos e professores. Eles ganham 1393 euros, em média, e elas 1203 euros. A dispersão atinge aqui 16%, valor que é repetido no grupo seguinte – “técnicos e profissões de nível intermédio” – o qual apresenta o terceiro maior nível salarial (se não contarmos com militares). Ironicamente, 60% dos “intelectuais e cientistas” são... mulheres.
“Quanto mais elevado é o nível de qualificação, maior é o diferencial salarial [desfavorável às mulheres], sendo, portanto, particularmente elevado entre os quadros superiores”, diz o primeiro estudo sobre o tema, com a chancela do Governo. Falta igualdade de oportunidades no acesso ao mundo do trabalho, além de elas (a maioria) continuarem a arcar com a responsabilidade do trabalho em casa.